Luciano Takaki – Sobre a existência de Deus

Artigo escrito pelo Luciano Takaki que fala sobre a existência de Deus e um pouco da sua experiência de volta à Igreja Católica.


Este é um artigo escrito pelo Luciano Takaki que fala sobre a existência de Deus e um pouco da sua experiência de volta à Igreja Católica.

O texto foi enviado para nós por um seguidor nosso como sugestão de conteúdo e que poderíamos publicar aqui, sem o menor problema. Libertários não acreditam em propriedade intelectual mas ainda existe algo chamado cortesia.


Quando tornei-me católico de novo, conclui que Deus existe e isso é indiscutível. Os ímpios discordarão de mim sobre isso e dirão que para mim isso é na verdade bem discutível. Pois bem, uma das questões que eles levantam é: por que Deus não aparece de uma vez para acabar com qualquer dúvida? Afinal, é unanimidade que o sol existe. Ele está lá brilhando e nos aquecendo e apenas um louco dirá que ele não existe. Porém, Deus não se manifestou de uma forma que o torne unanimidade. Ou seja, de uma forma que as pessoas creiam apenas n’Ele e em mais nenhum outro Deus. Por que será?

A resposta é simples: Deus é uma realidade extraordinária. Lendo gênios como Santo Tomás de Aquino e Clive Staples Lewis acabo não apenas tendo mais certeza da sua existência, mas também acabo compreendendo-O ainda mais. Entendamos que (1) Deus é onipotente e onibenevolente, (2) Ele nos ama incondicionalmente mais do que qualquer criatura possa nos amar e (3) Ele deseja nos salvar e ao mesmo tempo nos deixar livres. Muitos ateus podem dizer que o livre arbítrio é incompatível com o inferno ao mesmo tempo que Deus não nos pode condenar sendo que nos ama infinitamente. Para compreender essa parte da aparente incompatibilidade envolvendo onipotência, onibenevolência, inferno e existência do mal, nós, cristãos, temos um estudo teológico chamado teodiceia.

Deus nos ama e portanto nos quer ver livres. Livres mesmo. Deus nos deu livre arbítrio, que implica faculdade de escolher as nossas ações. Somos livres para praticar o bem e o mal. Mas o que significa exatamente sobre nos salvar? Existem duas possibilidades após a nossa morte: ir para o céu ou o inferno. Deus não condena ninguém ao inferno. Lúcifer e os seus seguidores foram exceções. (Isaías 14) Com relação relações a nós, escolhemos ir para o céu ou o inferno por meio das nossas ações. Por isso temos ações que nos aproximam de Deus (orações, devoção e obras) e ações que nos afastam Dele (pecados). Somos livres para praticar qualquer uma dessas ações. Portanto, somos nós que nos condenamos. Logo, não cabe a Deus salvar quem se condena, já que quem se condena simplesmente ou não quer ser salvo ou não o faz por merecer, já que Deus – mesmo nos amando infinitamente – é infinitamente justo.

Sei que o texto está bem adiantado, já que não apresentei aqui as evidências de que Deus existe e muito menos se Deus é o mesmo que os cristãos crêem: um Deus ativo, que criou o Universo e enviou à terra o seu Filho, mas não é esse o objetivo do texto. Muito pelo contrário, a questão aqui é por que Ele não deixa alguma evidência que não nos deixe nenhuma dúvida sobre a Sua existência.

Como foi dito: Deus quer nos salvar e ao mesmo tempo nos quer livres. Livres mesmo que seja para nos condenar. Para isso Ele nos deu o livre arbítrio e junto com esse “pacote” veio também a curiosidade. A curiosidade tem uma utilidade, buscar a Verdade. Só podemos buscar a Verdade se formos curiosos e teríamos que ter capacidade de realizar escolhas propositadas (livre arbítrio) para sermos curiosos suficiente para buscá-la por pura, livre e espontânea vontade. É um fato que somos curiosos por natureza e buscamos conhecimento por pura livre e espontânea vontade, mesmo que tal conhecimento seja completamente inútil. Ou seja, somos imperfeitos e temos o livre arbítrio, logo, estamos sujeitos a cometer erros, buscar a verdade errada, mas Ele deixou pistas sobre a Verdade e a Sua existência. Claro que existem ateus e existe muita gente que crê em deuses errados, mas porque eles são livres pra descrer ou crer em outro deus mesmo que seja em um deus errado.

No fundo, percebemos sempre que o universo é uma criação divina. Percebemos que ele é de certa forma ordenado assim como qualquer criação humana é ordenada. Se encontrarmos uma construção abandonada podemos não saber quem construiu, mas é evidente de que alguém construiu. Ora, o universo é a mesma coisa. O universo não é infinito e nem eterno. Se ele não é nem infinito e nem eterno, ele deverá ter um começo que não pode ter sido do Nada. Sim, Nada com inicial maiúscula mesmo já que o nada a que me refiro é o nada absoluto. Onde não existe nem mesmo espaço vazio. Pode parecer absurda a crença no Nada absoluto, mas a crença de que do Nada pode-se surgir o universo por puro acidente é mais absurda ainda, tal como é absurda a crença num universo infinito e eterno. Até podemos concluir que a existência de um criador é evidente e pulando os argumentos necessários para explicar o deus da qual nós cristãos acreditamos, porque Deus não se torna evidente o suficiente para se tornar uma unanimidade? A razão certamente é a mesma da qual não costumamos oferecer drogas pesadas a um viciado em tratamento ou expor crianças a cenas de sexo explícito em duas comparações bem indevidas, mas usando-as apenas para ter uma noção. Claro que existem pessoas capazes de cometer essas maldades, mas Deus é bondade infinita e sabe que Ele se expor para nós, seja cristão, pagão ou qualquer ímpio traria para gente graves consequências. Se ninguém tiver absolutamente nenhuma dúvida sobre Deus, a busca pela Verdade cessaria assim como acabaria com a nossa liberdade. Deus nos deu livre arbítrio para buscá-lo, mas Ele não quer aparecer para acabar com as nossas dúvidas. Eu mesmo como cristão que eu sou, apesar de não ter nenhuma dúvida de que Ele exista, eu mesmo não sei se o que faço é o certo ou não. Não sei se as obras que realizo são o suficiente para me salvar e nem mesmo eu sei se O amo suficiente para tal, mas tenho a consciência de que sempre devo provar mais e mais o meu amor e para isso agir da forma adequada para com o próximo é tal. Lembrando que não é provar para Deus que sou uma pessoa boa porque isso Ele sabe desde antes da Criação, mas provar que mereço a salvação. E eu mereço? Não sei, mas nunca estarei contente com as minhas obras e nem mesmo com as minhas orações.

Certamente, para Deus não deixar absolutamente nenhuma dúvida em nenhum ser humano de que Ele existe, seria necessário uma ação extraordinária. Aposto que se algum espírito se materializasse na frente do caro leitor, certamente ficaria traumatizado pelo resto da vida. Isso, claro, se não tiver um ataque cardíaco. Seria um evento extraordinário que lhe provocaria consequências psicológicas graves ou até a morte. Com relação a Deus teria consequências inimagináveis. Deus como ser infinito que é não pode nos dar esse tipo de sinal sem que acabe com o nosso livre arbítrio. Assim como não pode nos dar a visão completa do inferno sem que ocorra a mesma consequência.

Com essas reflexões posso dizer com segurança que pela minha busca e experiência, posso dizer que Deus existe. Mas é algo que posso provar para mim mesmo assim como apenas eu posso provar que os meus pensamentos existem. Porém, eu não posso provar de forma definitiva a existência d’Ele. Existem formas de analisarmos evidências. Evidências que ateus descartam. Descartam por puro medo de admitir que provavelmente elas apontam para Deus ainda que não seja de forma definitiva. Porém, Deus não quer que exista nenhuma prova definitiva para que possamos preservar o livre arbítrio.

Podemos admitir que é muito mais racional admitir que o universo foi criado do que num universo que surgiu do Nada ou que sempre existiu, assim que convém a Deus se preservar mantendo-se invisível. Sábia decisão de um ser que possui uma sabedoria infinita. Assim podemos também contemplar a Sua criação na vida terrena para amá-Lo ainda mais na vida eterna.

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