Descrição
Este trecho da sua riquíssima palestra a respeito de A Divina Comédia, um poema medieval da maior importância para a cultura e literatura ocidental, é uma ocasião onde o saudoso economista e professor José Monir Nasser (1957 – 2013) ensina sobre a divisão de poderes na Idade Média, contrastando como era em comparação à Antiguidade e tal.
A partir de uma análise clara e didática, o professor utiliza eventos históricos e conceitos estruturais para explicar o surgimento do feudalismo, o impacto do Cristianismo e a organização social medieval.
O contexto romano e a ausência de divisão entre poder espiritual e temporal
Durante o período do Império Romano, não existia a separação entre o poder espiritual e o poder temporal. A religião romana estava intimamente ligada ao exército, e os oficiais desempenhavam funções sacerdotais. Essa fusão garantia que não houvesse conflitos entre as duas esferas, uma vez que ambas serviam ao mesmo objetivo: a manutenção do império e de sua ordem.
José Monir Nasser argumenta que o cristianismo rompeu com essa estrutura ao introduzir a ideia de que “algumas coisas pertencem a César e outras a Deus”, uma distinção revolucionária que plantou a semente para uma reorganização social e política futura.
A queda do Império Romano e a fragmentação territorial
Com o enfraquecimento do exército romano e a intensificação das invasões bárbaras, o Império foi se desintegrando. Os nobres, que anteriormente residiam em Roma e confiavam na proteção do exército para suas propriedades rurais, precisaram migrar para suas terras e criar pequenos exércitos para defendê-las. Isso levou à fragmentação do território em feudos, dando origem ao sistema feudal.
A transformação do vasto império em pequenos territórios autônomos marcou a transição para a Idade Média, uma descentralização que também influenciou a maneira como o poder era exercido, preparando o terreno para as divisões institucionais que caracterizariam essa época.
O impacto do Cristianismo e a criação de uma nova estrutura de poder
Na Idade Média, a divisão entre poder espiritual e temporal tornou-se uma característica fundamental. Inspirados pelos ensinamentos cristãos, líderes como Carlos Magno buscaram reestruturar a sociedade. O professor destaca que, a partir do ano 800, surgiu um sistema em que o poder espiritual, representado pela Igreja, era separado do poder temporal, liderado por reis e príncipes.
Esse modelo hierárquico era composto por:
- A Igreja – Responsável pelas almas e pelos assuntos espirituais.
- Os governantes temporais – Cuidavam da política e da administração.
- A produção e o trabalho – Executados pelas classes trabalhadoras e artesãos.
- O povo – A base da pirâmide social, subordinada às demais camadas.
Essa estrutura permaneceu vigente até cerca de 1314, representando uma tentativa de harmonizar as esferas temporal e espiritual.
Comparações com sistemas de outras culturas
José Monir Nasser também faz uma analogia interessante entre a estrutura social medieval e o sistema de castas da Índia: ambos apresentavam divisões claras de funções e papéis sociais, sugerindo um padrão organizacional comum entre civilizações.
A importância histórica e o legado da divisão de poderes
A palestra destaca como a Idade Média foi um período de inovação organizacional, mesmo em meio às dificuldades sociais e econômicas, argumentando que a separação entre poderes temporal e espiritual moldou a civilização ocidental e influenciou profundamente o pensamento político e religioso.
José Monir Nasser apresenta o tema de forma acessível, conectando os eventos históricos com as implicações filosóficas e culturais que ainda ecoam nos dias atuais. O contraste com o período romano e a comparação com outras culturas enriquecem a compreensão dessa era crucial da história.
P.S.: este vídeo foi clipado e publicado pelo canal Ewerton Kleber originalmente em 25 de janeiro de 2019.
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Mais informações
- Duração: 09:10
- Visualizações: 197
- Categorias: Curtos
- Canal: Ewerton Kleber
- Marcador(es): História, Idade Média, José Monir Nasser
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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