Descrição
Neste trecho de sua magistral palestra sobre o interessantíssimo A Traição dos Intelectuais, de Julian Benda, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) analisa o conceito de materialismo dialético, diferenciando essa gambiarra intelectual marxista da dialética clássica.
Com sua habitual clareza, Monir explora como essa teoria inventada por Karl Marx a partir da dialética hegeliana impacta a compreensão da história e a percepção da realidade.
O materialismo dialético: a visão marxista da história
Monir explica que o materialismo dialético é o coração da teoria marxista. Para Karl Marx, a história humana é movida por conflitos econômicos, como a oposição entre classes sociais. Exemplos incluem:
- Senhor e servo no feudalismo;
- Burguês e proletário no capitalismo.
Segundo essa visão, a história é marcada por uma luta contínua até que o proletariado finalmente tome o poder, encerrando a dialética histórica, como se o mundo fosse um constante fluxo de mudanças, onde nada permanece estável ou unificado.
A crítica de Monir ao reducionismo marxista
Monir critica essa abordagem por reduzir toda a complexidade humana a conflitos econômicos, ignorando a unidade subjacente que conecta o passado, o presente e o futuro. Podemos, entretanto, recorrer à dialética clássica para demonstrar como a realidade é, ao mesmo tempo, dinâmica e unificada.
Um exemplo simples usado é o desenvolvimento de um ovo em uma galinha: o ovo passa por transformações, mas mantém sua identidade essencial ao longo do processo. Assim também ocorre com o ser humano, que muda fisicamente, mas continua sendo o mesmo indivíduo.
Para Monir, o erro fundamental do materialismo dialético é desconsiderar essa continuidade. Ao afirmar que “tudo muda”, Marx e seus seguidores ignoram a unidade que torna possível a responsabilidade moral e histórica.
A unificação do tempo e a visão clássica
Monir avança explicando como o espírito humano é capaz de unificar o tempo, ligando o passado, o presente e o futuro, e cita Santo Agostinho, que descreveu o tempo como uma construção do espírito humano:
- Presente do passado: nossa memória.
- Presente do presente: nossa experiência atual.
- Presente do futuro: nossas expectativas.
Essa unificação é essencial para a responsabilidade pessoal e histórica, e, sem a qual, seria impossível dizer “sou o mesmo de ontem” ou assumir a responsabilidade por ações passadas.
Materialismo dialético: uma visão fragmentada
A concepção marxista, segundo Monir, fragmenta essa unidade ao tratar a história como um rio em constante mudança, onde nenhuma estabilidade é possível. Isso gera um paradoxo: ao negar a continuidade, o marxismo mina as bases para qualquer responsabilidade individual ou coletiva.
Monir conclui que essa visão leva a uma obsessão com o conflito e com os detalhes superficiais, ignorando as verdades universais e a busca pela unidade que caracterizam a tradição filosófica clássica.
A relevância da crítica de Monir
Ao expor as falhas do materialismo dialético, Monir nos convida a refletir sobre as limitações de visões reducionistas da história e da realidade. Trata-se de uma análise que ressalta a importância de buscar um entendimento mais profundo e integrado do mundo, respeitando tanto a mudança quanto a unidade essencial que define a existência.
P.S.: este vídeo foi clipado e publicado originalmente pelo canal Ewerton Kleber em 6 de outubro de 2018.
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Mais informações
- Duração: 05:30
- Visualizações: 3
- Categorias: Curtos
- Canal: Ewerton Kleber
- Marcador(es): Filosofia, José Monir Nasser, Marxismo
- Publicado por: Direita Realista
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