José Monir Nasser – O Processo, de Franz Kafka

Palestra do professor José Monir Nasser sobre O Processo, a obra de Franz Kafka que mergulha nas profundezas do sistema jurídico e na alienação do indivíduo na sociedade moderna, amplamente reconhecida na literatura por sua análise inovadora e perspicaz sobre questões de poder e controle. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Trazemos aqui a palestra completa ministrada em Paranavaí (PR) pelo saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) que analisa principalmente os aspectos culturais de O Processo, a obra do escritor checo Franz Kafka que mergulha nas profundezas do sistema jurídico e na alienação do indivíduo na sociedade moderna, amplamente reconhecida na literatura por sua análise inovadora e perspicaz sobre questões de poder e controle.

O Processo (em alemão: Der Prozess) é um romance escrito por Franz Kafka entre 1914 e 1915, publicado postumamente em 26 de abril de 1925. Considerada uma de suas obras mais conhecidas, a narrativa acompanha Josef K., um homem preso e processado por uma autoridade remota e inacessível, sem que a natureza de seu crime seja revelada a ele ou ao leitor. Influenciado fortemente por incríveis obras de DostoiévskiCrime e Castigo e Os Irmãos Karamazov — Kafka chegou a considerar este autor russo um “parente de sangue”. Assim como O Castelo e América, O Processo nunca foi concluído, embora inclua um capítulo que parece dar à história um final abrupto e intencional.

Na trama, Josef K. está detido pela justiça sem saber o motivo. Desde a manhã em que oficiais o informaram sobre sua detenção, ele recorre a diversas figuras – escriturários, advogados, secretárias, funcionários do tribunal e até artistas – na tentativa de entender a razão de seu processo, questionando se esta claustrofóbica burocracia terá algum fim.

A narrativa do romance é marcada pela mistura do real e do simbólico, mergulhando no inconsciente e empregando metáforas que podem soar exageradas ou grotescas, refletindo a escola expressionista à qual Kafka pertence. Esse movimento estético foca na expressão da angústia, dor e mal-estar do ser humano diante de uma realidade que lhe escapa.

A história de Josef K. mantém seu vigor ao longo dos anos, e a banalização da violência irracional no século XX conferiu à obra um fascínio adicional, típico dos romances realistas. Na luta para descobrir o motivo de sua acusação e quem o acusa, K. enfrenta constantemente a impossibilidade de seguir um caminho que lhe pareça sensato, pois o processo segue suas próprias leis: as leis do arbítrio.

Kafka é tão singular em seu universo literário que o termo “kafkiano” entrou para os dicionários como sinônimo de uma atmosfera de pesadelo, absurdo e irracional. Como observou o crítico americano Harold Bloom, “a expressão kafkiano se tornou um termo universal para o que Freud chamou de ‘o fantástico’, algo ao mesmo tempo conhecido e estranho para nós”.

Publicação

Após a morte de Kafka em 1924, seu amigo e executor literário Max Brod editou o texto para publicação pela Verlag Die Schmiede. O manuscrito original está guardado no Museu da Literatura Moderna, em Marbach am Neckar, Alemanha. A primeira tradução para o inglês, feita por Willa e Edwin Muir, foi publicada em 1937. Em 1999, o livro foi listado nos 100 Livros do Século pelo Le Monde e como o Nº 2 dos Melhores Romances Alemães do Século XX.

Adaptações

O Processo de Franz Kafka tem gerado uma variedade de adaptações ao longo dos anos, refletindo sua influência duradoura na cultura. No palco, o dramaturgo e diretor Steven Berkoff adaptou a obra para o teatro em 1970, e outras versões notáveis incluem a de Rina Yerushalmi, apresentada na La MaMa Experimental Theatre Club, e a de Greg Allen, que teve sucesso em Chicago e Nova York. Em 2010, Tom Basden trouxe uma adaptação moderna para Londres, enquanto a versão operística de Gottfried von Einem, estreada nos EUA sob a direção de Otto Preminger, também marcou o legado da obra. A adaptação de Philip Glass para ópera teve sua estreia em 2014 e a versão de Nick Gill foi encenada no Young Vic em Londres em 2015. Em rádio, adaptações significativas foram realizadas por Davidson Taylor e Hanif Kureishi, e mais recentemente por Mark Ravenhill. No cinema, Orson Welles dirigiu uma adaptação em 1962, com Anthony Perkins no papel de Josef K., e Harold Pinter adaptou o roteiro para o filme de 1993. Além disso, uma adaptação em graphic novel por Chantal Montellier e David Zane Mairowitz foi publicada em 2008.

Essas diversas interpretações são alguns exemplos que  sublinham a flexibilidade e relevância contínua da obra de Kafka em diferentes mídias e contextos culturais.


Este vídeo foi curado e providenciado pelo canal Mental Food, onde foi publicado originalmente em 3 de junho de 2017.

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