Dados a “spirare mendacia” (vomitar mentiras), alguns irmãos ultrapassam as raias da boçalidade: a última invencionice que me chegou é de que a Igreja teria criado a festa da Natividade de São João Batista no dia do seu martírio, a fim de comemorar, na verdade, o aniversário de Herodes e jogar crianças na fogueira, em culto ao deus Moloc (!!!).
Lembro-me, quando criança, daquelas lendas que grassavam entre pentecostais como a de que “rá-tim-bum” era o nome de um demônio, invocado inadvertidamente na hora do “parabéns”; ou de que em tal música se invocava “o bicho ragatanga”, uma invocação sinistra de satã, também ela bem codificada.
Deixando de lado que a festa do martírio de São João Batista é no dia 29 de agosto, o que bastaria para desfazer essas bolhas de sabão envenenado, aproveito para comentar um pouco sobre essa festa tão marcante para o nosso país.
No caso de São João, a origem da festa de sua natividade é mais bíblica do que se imagina. Quando São Lucas escreve que “existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias” (Lc 1,5), hoje, depois da descoberta dos manuscritos de Qmram, somos capazes de dizer que esse turno correspondia à segunda metade do mês de setembro, data em que a Igreja oriental comemora desde tempos imemoriais a festa da “anunciação de São João Batista”.
Daí, basta fazer as contas:
- 23 de setembro: anunciação de S. João Batista
- 25 de março: anunciação de Nosso Senhor
- 24 de junho: natividade de S. João Batista
- 25 de dezembro: natividade de Nosso Senhor
O fato de essas festas coincidirem com solstícios e equinócios é apenas uma demonstração de como a Providência Divina é perfeita em todas as suas disposições eternas.
E é justamente aí que, no Brasil, a tradição da “fogueira de São João” ganha corpo: durante o frio do inverno (justamente no dia mais curto do ano, no solstício de inverno), as festas juninas sempre utilizaram fogueiras bonitas para agregar as pessoas nas praças; nas fogueiras assavam-se carnes e vegetais da época, como o milho, e aqueciam-se bebidas fortes, como vinho, água ardente diluída em chá de gengibre e outras especiarias, tudo com muita alegria e danças respeitosas, como as quadrilhas, que são uma espécie de satirização dos pobres ao “minuet”, dança grupal francesa muito em moda entre as classes altas.
É muito interessante que as próprias palavras de ordem da quadrilha sejam de origem francesa, mas satirizadas:
- Anarriê (en arrière): casais para trás
- Anavã ou Alavantú (en avant/ tous): casais para a frente
- Changê (changer/changez): trocar/troquem o par
- Visaví (‘Vis-à-vis’): cumprimento frente a frente
- Otrefoá (autre fois): outra vez (o passo anterior)
- Balancê (balancer): balance o corpo no ritmo da música
- Returnê (returner): voltar aos seus lugares
O catolicismo moldou a cultura popular. Outras crenças, que não conseguiram o mesmo sucesso por causa de seu iconoclatismo e barbarismo, e, por causa disso, não construíram nada, tentam deturpar, pela via da calúnia e demonização, algo puro e simples, que cresceu com a vitalidade da nossa gente e conquistou os corações de todo o nosso povo.
São João, festa e fogueira, coisa do cão ou “tudebão”? é um texto de autoria do Padre José Eduardo publicado ontem (23 de junho de 2024) no Facebook que aborda algumas das mais estapafúrdias acusações de inimigos da Igreja que caluniam a Festa de São João, conhecida também como Festa Junina.
O sacerdote aborda as maluquices, desmontando-as ao explicar as origens desta festa, uma das mais puras e legítimas tradições brasileiras, em poucas linhas, o que mostrou-se ideal para o dia de hoje, onde celebramos a memória da Natividade de São João Batista.
O Percursor do Salvador
Pra reforçar, vamos também assistir uma homilia do Pe. Jose Eduardo sobre São João Batista, o Percursor do Salvador:
O santo do dia 24 de junho
Nascimento de São João Batista, Precursor do Salvador
São João Batista, embora concebido no Pecado Original, foi dele purificado antes de nascer, quando sua mãe, Santa Isabel, foi visitada pela Santíssima Virgem, que por sua vez portava no seio o Salvador. Por isso, São João Batista é o único santo cujo nascimento se comemora na Liturgia — além da própria Virgem Maria, que já foi concebida isenta de todo pecado.
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- Desenvolvedor e/ou publisher: Padre José Eduardo
- Marcador(es): Cristianismo, Igreja Católica, Padre José Eduardo, São João Batista
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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