Os alimentos orgânicos valem seu custo? (Vídeo)

Descrição

Os alimentos orgânicos valem seu custo? Seriam mais saudáveis que os alimentos não-orgânicos? Seriam melhore para os animais e o meio ambiente? Estas são as perguntas que Bjorn Lomborg, presidente do Copenhagen Consensus Center, responde, usando argumentos científicos e econômicos, neste vídeo da Prager University.

A Revolução Industrial resultou em um aumento espetacular da escala da produção de alimentos em
níveis nunca antes sonhados, o que contribuiu em muito para o fim da desnutrição e o aumento da expectativa e qualidade de vida da humanidade. Porém, em nome de ganhos cada vez maiores de eficiência e lucro, a agroindústria lança mão de métodos nocivos para o meio ambiente e para os próprios consumidores, desconsiderando ainda questões éticas no tratamento de animais de gado. É aí que entram os alimentos orgânicos, uma tentativa de resgatar não somente a harmonia entre o homem e a natureza, mas também a qualidade nutritiva que as grandes corporações agrícolas deixaram de lado em nome da produção em massa. Mas será que as coisas são assim mesmo?

O vídeo foi traduzido e legendado em português brasileiro pelos Tradutores de Direita.

Versão em texto

“Você é o que você come”, diz o velho ditado.

E em todos os lugares, somos convidados a comer orgânicos: são mais nutritivos, sem pesticidas e protegem os animais e o meio ambiente. Pelo menos, isso é o que estão te dizendo – ou, em vez disso, vendendo. E graças a um monte de marketing muito eficaz, muitas pessoas acreditam nisso.

É por isso que, quando pesquisadores da Universidade de Cornell deram a participantes de um estudo uma escolha entre dois itens idênticos, um rotulado como “orgânico” e outro como “convencional”, os participantes com convicção declararam que a opção “orgânica” tem menos calorias e é mais nutritiva.

Eles também disseram que pagariam 16 a 23% a mais pela opção “orgânica”. Mas estas crenças sobre alimentos orgânicos não têm nada a ver com a realidade. Em 2012, o Centro para Políticas de Saúde da Universidade de Stanford fez a comparação mais abrangente e verificou que alimentos orgânicos não são nutricionalmente superiores às alternativas convencionais. E uma análise mais recente de 20 anos de pesquisas em produtos de origem animal por pesquisadores italianos confirmou essas verificações. Os autores concluíram: “Os estudos científicos não mostram que os produtos orgânicos são mais nutritivos e mais seguros do que alimentos convencionais”.

Tudo bem, você poderia dizer: Você não come alimentos orgânicos apenas por causa dos benefícios à saúde, mas porque você se importa com o tratamento dos animais nas fazendas e com o meio ambiente. Infelizmente, os fatos também não corroboram essas crenças. Os animais nas fazendas orgânicas geralmente não são mais saudáveis do que os animais em fazendas convencionais. Um estudo americano de 5 anos com gado leiteiro mostrou que “os resultados de saúde [para animais em fazendas orgânicas] “são semelhantes às centrais leiteiras convencionais.” E o Comitê Científico Norueguês para Segurança Alimentar chegou a uma conclusão similar: ele não constatou “nenhuma diferença objetiva em ocorrência de doenças” nas centrais leiteiras orgânicas em comparação às centrais convencionais. E, enquanto porcos e aves de corte em fazendas orgânicas podem desfrutar de um melhor acesso para áreas abertas, essa liberdade, estudos mostram, também aumenta a sua exposição a parasitas, agentes patogênicos e predadores.

Quanto ao meio ambiente, sim, a agricultura orgânica significa que em qualquer campo, um fazendeiro vai usar menos energia e criar menos gases de efeito estufa. Mas há um problema aqui. Ao renunciar a fertilizantes e pesticidas, a agricultura orgânica é muito, muito menos eficiente do que a agricultura convencional, o que significa que os agricultores “orgânicos” precisam de muito mais terra para cultivar a mesma quantidade de alimentos. Um grande estudo na Europa descobriu que para produzir o mesmo galão de leite organicamente, você precisa de 59% a mais de terra. Para produzir carne, você precisa de 82% a mais de terra. E para grãos, é mais do que 200%. E mais terras para a agricultura significa menos terra para a natureza.

Se a produção agrícola americana fosse inteiramente orgânica, isso significaria que seria necessário converter uma área maior do que o tamanho da Califórnia inteiramente em terras de cultivo. Economicamente, a menor produtividade de orgânicos significa que temos de comprometer mais recursos – terra, trabalho e capital. O custo total para a economia dos EUA em sermos “orgânicos” seria cerca de US$ 200 bilhões anualmente.

Mas, certamente, o alimento orgânico significa sem pesticidas, certo? Errado. A agricultura orgânica pode usar qualquer pesticida que é “natural”. Pesticidas naturais incluem, por exemplo, sulfato de cobre e Pyrethrin. O primeiro resultou em doença hepática em pulverizadores de vinhedos na França, de acordo com um estudo de 1996; e o último, em um aumento de 3,7 vezes na leucemia entre os agricultores que o manusearam em comparação com aqueles que não o manusearam, de acordo com um estudo de 2002.

Sim, é verdade que os alimentos não-orgânicos carregam um maior risco de contaminação por pesticidas. Mas esse risco é quase inexistente. Cálculos aproximados sugerem que todos os pesticidas em alimentos consumidos pelos americanos podem causar cerca de 20 mortes extras por câncer ao ano. Você tem uma chance similar de ser atacado até a morte por uma vaca.

Em suma, o alimento orgânico não é mais saudável para você, nem é melhor para os animais e o meio ambiente do que alimentos cultivados de forma convencional. Eu sei que isso vai contra tudo o que vocês passaram a acreditar, mas isso só prova o poder do marketing.

Alimentos orgânicos são um luxo do Primeiro Mundo. Enquanto comprá-los é tão válido quanto qualquer outra compra de luxo, deve-se resistir a qualquer superioridade moral implícita, como, quando, por exemplo, a estilista Vivienne Westwood notoriamente proclamou que as pessoas que não podem arcar com alimentos orgânicos deveriam “comer menos” [4].

Infelizmente, muitas pessoas nos países em desenvolvimento não têm a opção de comer menos. Eles se preocupam em comer, ponto. Para conseguir isso, eles precisam ter acesso a alimentos mais baratos, o que significa mais acesso a fertilizantes e pesticidas eficazes.

Então, da próxima vez que você vir um produto orgânico no supermercado, não engula a campanha de marketing sem algum pensamento crítico.

Eu sou Bjørn Lomborg, presidente do Centro de Consenso de Copenhagen.

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