Olavo de Carvalho - Conceito de Filosofia

Olavo de Carvalho sobre o conceito de Filosofia, tema central e muitas vezes negligenciado até mesmo por estudiosos da área, e porque este é único em todas as disciplinas, demandando um esforço constante de reflexão e reformulação. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste pequeno trecho de uma aula do Curso Online de Filosofia, ministrado pelo professor Olavo de Carvalho (1947-2022) se comenta sobre o conceito de Filosofia, tema central e muitas vezes negligenciado até mesmo por estudiosos da área, e porque este é único em todas as disciplinas.

A filosofia como disciplina que se define a si mesma

Olavo começa destacando uma peculiaridade fundamental da Filosofia: ela é a única disciplina cuja definição faz parte da própria matéria que estuda, o que significa que tem, entre suas tarefas centrais, o dever de refletir continuamente sobre o que ela mesma é.

No entanto, essa tarefa permanece inacabada e permanentemente aberta, uma vez que o conceito de Filosofia nunca foi plenamente fixado e consensual ao longo da história.

Por que o conceito de Filosofia nunca é definitivo?

Segundo Olavo, existem dois fatores principais para essa indefinição crônica:

  1. Diversidade de práticas e abordagens – Ao longo dos séculos, inúmeras atividades diferentes foram chamadas de Filosofia, e novas formas continuam a surgir, tornando extremamente difícil a criação de uma definição única que abranja todas as manifestações filosóficas conhecidas e ainda delimite com clareza tal campo.
  2. A Filosofia como um campo em constante reformulação – Ao contrário de disciplinas como economia, medicina ou física, que têm objetos de estudo mais claramente delimitados, a Filosofia se volta constantemente para si mesma, questionando e redefinindo seus próprios métodos, objetos e propósitos.

A falsa percepção inicial de quem chega à Filosofia

Olavo também observa um aspecto psicológico importante para quem começa a estudar Filosofia, apontando que todo iniciante traz consigo uma ideia genérica do que esta faculdade humana é, geralmente baseada em uma visão superficial: “uma atividade intelectual que acontece nas universidades, com algum suporte editorial e certa presença na mídia”.

O problema é que essa descrição genérica serve para qualquer disciplina acadêmica, não apenas para a Filosofia, podendo também servir igualmente para economia, medicina, sociologia, história, física ou qualquer outra área.

A diferença é que, no caso das outras disciplinas, o estudante iniciante costuma ter pelo menos uma noção básica do objeto que está sendo estudado:

  • Na medicina, ele sabe que se estuda o corpo humano e suas doenças.
  • Na economia, ele imagina que o tema central são os recursos financeiros e a produção de riqueza.
  • Na física, ele entende que o foco é o mundo natural e suas leis.

Já na Filosofia, o iniciante geralmente só carrega essa percepção vaga, genérica e institucional, mas sem qualquer ideia concreta sobre o objeto da disciplina.

Um campo de reflexão que começa pela sua própria definição

O resultado dessa condição peculiar é que o primeiro problema real que o estudante encontra ao ingressar na área é justamente: “O que é Filosofia?”

Olavo destaca que essa pergunta não é um obstáculo acidental, mas sim uma característica estrutural da mesma enquanto disciplina.

A Filosofia nasce e renasce constantemente da reflexão sobre si mesma, e é isso que a distingue de todas as demais ciências e saberes.

Conclusão

O trecho revela um ponto central na visão de Olavo de Carvalho sobre o ensino deste campo: não há como começar a estudar Filosofia sem antes encarar o desafio de tentar compreendê-la em sua essência.

E justamente por essa dificuldade é que o ensino filosófico demanda um esforço constante de reflexão, reformulação e abertura para novas respostas.

Se para as outras disciplinas a definição é um dado de partida, aqui, a definição é um problema a ser enfrentado desde o primeiro dia de aula e por toda a vida do filósofo.


A aula original aconteceu no dia 9 de janeiro de 2016, enquanto o trecho foi publicado no dia 17 de janeiro de 2016 no canal oficial deste filósofo brasileiro.

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