Última entrevista do Cabo Anselmo (2021) (Vídeo)

A última entrevista do Cabo Anselmo, líder do motim de oficiais da Marinha que eclodiu em 1964 que acendeu o pavio para a derrubada de João Goulart, foi cedida ao programa Direto ao Ponto em junho de 2021. Acesse aqui a descrição completa.


Descrição

A última entrevista do Cabo Anselmo, líder da Revolta dos Marinheiros, um motim de oficiais de baixa patente da Marinha que eclodiu em março de 1964 e acendeu o pavio para a derrubada de João Goulart, foi cedida ao programa Direto ao Ponto, no dia 10 de junho de 2021.

Após os militares tomarem o poder, José Anselmo dos Santos foi expulso das Forças Armadas, exilou-se, entrou para o grupo guerrilheiro VAR-Palmares e, finalmente, virou agente duplo, entregando informações dos seus colegas comunistas ao governo militar.

Anselmo conversou com a bancada sobre diversos assuntos. Comentou se um cenário como aquele pode voltar ao país em 2021. “Eu não vejo no mundo atual algo parecido com isso. Se você fizer, a economia vai sofrer, nós vamos sofrer. Os próprios governantes devem ter informação a que nós não temos acesso para tomar decisões [de não fazer]”, comentou. O Cabo também explicou quais as diferenças daquela época para hoje: “em 1964 nós vivíamos num país cristão, as famílias estavam reunidas e iam às missas. Geopoliticamente, o Brasil estava em um mundo totalmente diferente. O que se discutia era Guerra Fria e bomba atômica, e a juventude tinha alguns valores/princípios, não havia tanta droga e imoralidade que acontece com toda a revolução cultural de até então. A diferença é essa. Ontem nós tínhamos um Brasil cristão que foi à rua em algumas cidades e hoje nós temos um Brasil entre agnóstico e ateu pela propaganda que teve em todas as mídias para subverter a mente das pessoas”.

Questionado se as manifestações de parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro que pedem intervenção militar é errada, já que o próprio presidente disse defender as liberdades individuais, Anselmo apontou um problema de escolaridade, afirmando que “existem vários níveis de informação, níveis culturais ou de aproximação com essa ou aquela opinião. Se você está num grupo onde o líder defende a intervenção militar, é aquilo que o cara segue. O que eu acho é, a informação é tão dispersiva, a propaganda é tão terrível no Brasil, o que aconteceu em toda a instrução pública brasileira é tão horripilante que ninguém sabe para onde vai”.

Atuante como agente duplo depois de ser preso em 1970 ao retornar de Cuba com um grupo de extrema esquerda, Anselmo também falou sobre este tópico: “se você tem um soldado na frente de batalha, o que acontecer lá, como morrer ou viver, é circunstancial e eu sou um sobrevivente dentro desse negócio. O que eu fiz ajudando o Estado brasileiro naquela ocasião foi um dever de consciência. É uma coisa difícil, porque ninguém nunca entende. Eu estava em Cuba, foi a primeira vez que eu conheci o que era um país comunista, convivi com intelectuais e trabalhadores, eu vi o que era aquilo. Então lá no meu profundo estava consciente de que eu era um cristão e não queria aquele negócio. Eu conservei minha chance de ter um pensamento crítico. Quando eu voltei para o Brasil como prisioneiro, eu aceitei fazer o ‘enlace’ com a polícia”.

Sua operação dupla com o Delegado Fleury terminou com a morte de sua então esposa Soledad Viedma, que fazia parte da ação que Anselmo delatou no Recife. Questionado se se arrependia de tê-la entregado, Anselmo respondeu que “a admirava. Eu tinha uma tratativa com o Dr. Fleury nesse sentido. Quando eles fossem prender o pessoal, eles separassem a Soledad e mandassem para Cuba com a filha dela. Ele me prometeu isso. Quando eu li a notícia [das mortes] foi um dos dias mais difíceis da minha vida, não achei que fosse terminar daquela forma”.

Pra quem não conhece, o Direto ao Ponto é aquele programa da Jovem Pan que vem humilhando o Roda Viva atual.

A entrevista se deu ao vivo e presencial, foi comandada pelo Augusto Nunes e contou também com a presença em sua bancada de J.R.Guzzo, colunista da Revista Oeste, do Estadão e da Veja; Roberto Cabrini, jornalista da Rede Record; Jorge Serrão, comentarista do programa 3 em 1, da Jovem Pan; e Bruna Torlay, diretora de redação da revista Esmeril.

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