A revolução sexual ficou na conta das mulheres

A revolução sexual ficou na conta das mulheres é um texto enviado pelo sociólogo e escritor Luciano Alvarenga que foi relido, adaptado e reproduzido aqui, com permissão do autor.

Embora discordemos pontualmente do texto, especificamente do título, quando diz que “A revolução sexual ficou na conta das mulheres”, visto que os homens honrados e decentes acabaram pagando o pato também (e muito), ele abordaa uma questão interessante: como a revolução sexual atingiu de modo relativamente bem pior as mulheres e famílias pobres.

Também diríamos que a destruição de valores tradicionais em prol de degenerações variadas afetou a classe média muito negativamente, mas a falta de estrutura das famílias mais pobres certamente contribuiu para levá-las rapidamente a um estado muito mais caótico e preocupante. Ou seja, a promiscuidade, algo que feministas, esquerdistas e justiceiros sociais em geral advogam, corrompeu e prejudicou muito mais as mulheres e os pobres, justamente quem eles dizem incessantemente se preocupar.


Se tem uma coisa possível de se ver concretamente entre as famílias brasileiras, especialmente as pobres dos centros urbanos, é o imenso estrago da contra cultura dos anos 1960 mais a injeção letal aplicada nos vinte anos recentes, das chamadas políticas de proteção, seja da infância e adolescência, seja da mulher. Tudo contra a cultura patriarcal demoníaca, responsável por tudo de ruim existente na sociedade.

A família é o alvo, desde Lênin, passando pela Escola de Frankfurt e mais tarde desenvolvido em minúcias por filósofos e pensadores da esquerda contemporânea como Foucault. Estes já alertavam para o fato de que a família é um centro de poder e cultura que impede o alastramento da ideologia comunista. Destruir a família não é uma opção, é uma necessidade imperiosa. Ela é a base do poder religioso. Destruindo a família, a religião se destrói junto.

A disfuncionalidade da família atual é um fato. A quantidade de fenômenos como consumo de drogas, violência, demência, loucura, histeria, psicopatia, apatia, depressão, compulsão, hiperatividade, dislexia e um sem número de doenças que se tem na ausência da família, ou na sua desestruturação, já é, em si, uma evidencia clinica da doença social que nos aflige.

Quando estas doenças aparecem apenas como elementos laterais, afetando de maneira natural os indivíduos, nada há de errado. Mas, quando a própria sociedade começa a ser expressão dessas doenças e a quantidade de pessoas por elas afetadas deixa de serem meros casos tratáveis, o que temos é uma sociedade doente. E a doença tem nome, Marxismo Cultural, ou a hegemonia da esquerda no campo da cultura.

Andar pelas periferias brasileiras é encontrar um fato alarmante: as famílias são todas elas compostas por mulheres; mães, tias, avós, filhas e filhos e, raramente ou presente de maneira quase sempre problemática, algum homem. Este é geralmente viciado, fraco, dependente, problemático, ausente ou violento. A revolução sexual dos anos 1960 está na base disso e explica como essa revolução afetou as famílias pobres e as de classe média de maneira muito desigual.

Enquanto nas famílias de classe média as transformações de comportamento e cultura provenientes da década de 1960 significaram um arejamento, abertura e, de certa maneira, uma forma mais leve de se lidar com questões sexuais, entre os pobres isso significou a destruição de sua família.

Na classe média, culturalmente mais preparada e mais refinada, mais aberta às mudanças em andamento, a liberalidade sexual significou apenas uma distensão, uma oxigenação das relações sem afetar os laços familiares ao ponto da sua disfuncionalidade. Mal ou bem, as famílias de classe média absorveram as mudanças em curso sem abrir mão de valores caros a elas. a manutenção do casamento e a centralidade dos filhos, nele, mantiveram-se. Só muito recentemente isso tem mudado, com as separações e divórcios promovendo mudanças profundas nessa realidade e, com as implicações emocionais, nos cônjuges e filhos, fato já detectado por especialistas.

Nas famílias pobres, a revolução sexual foi uma tragédia. A moralidade sexual, assentada em valores religiosos e seculares, era uma garantia de unidade familiar. Sexo estava sempre ligado a algum tipo de responsabilidade. O acesso ao sexo pelos rapazes não era possível sem um acordo, um pacto, que implicava responsabilizar-se pela mulher que lhe interessava. Tal acordo era, sem possibilidade de contorno, o casamento. O casamento indissolúvel. As famílias pobres, nesse sentido, escapavam da realidade de relações desfeitas e as consequências trágicas que isso traria pra mulheres e seus filhos, pobreza e desamparo.

A cultura de liberalidade sexual, entre moças e rapazes de classe média, especialmente as moças, foi recebida acompanhada de cuidados com médicos, ginecologistas, contraceptivos, camisinhas e o discurso do “prazer, mas com responsabilidade”. Entre os rapazes e moças pobres, especialmente as moças, e cada vez mais meninas, foi o absoluto abandono à própria sorte.

Herdeiros de uma cultura religiosa e secular que modelava os comportamentos de forma regrada e recatada e agora, desancorados dela, se tornaram os únicos e exclusivamente responsáveis por si mesmos. O que se viu são moças adentrando a vida sexual cada vez mais cedo, e os homens transando com todas elas, como garanhões sem controle. Filhas de famílias de caráter religioso, onde sexo é tema religioso no campo do tabu, moças e meninas ingressaram na vida sexual urbana contemporânea sem nenhum tipo de entendimento do que estava acontecendo e arcaram com suas próprias vidas com as consequências.

Tendo suas primeiras relações sexuais ainda na adolescência, o que se tornou comum, são essts mesmas mulheres a chegarem à vida adulta, aos trinta anos, com quatro ou cinco filhos de quatro ou cinco homens diferentes. Homens estes sem quaisquer responsabilidades com essas mulheres e com seus filhos. Sem uma cultura religiosa, ponderando e punindo comportamentos irresponsáveis, esses homens cresceram privados de qualquer responsabilidade e amor pelas mulheres com quem se relacionam.

O tema do aborto está diretamente ligado a isso. As feministas, diante do que aconteceu com as mulheres como consequência da liberalidade sexual no caso dos pobres: libertinagem, uma quantidade impensável de filhos e mais pobreza, passaram a advogar o aborto como resposta. O que está em questão não é o direito da mulher ao seu próprio corpo e, portanto, a liberdade de abortar, como discursam as feministas. A questão central é a não admissão do fato de que a cultura sexual sem responsabilidade ou sentido, pra além do sexo em si, jogou as mulheres pobres num mar de desilusão, abandono, pobreza e desamor que, no entanto, é legada pela revolução sexual, também defendida e aplaudida pelas feministas e pela esquerda em geral.

A defesa do aborto, hoje, ao contrário do que querem nos fazer crer, como se fosse uma defesa da mulher aos seus direitos individuais ou mesmo um remédio a disfuncionalidade da família, provocada pela ausência do masculino e do que ele significa pra estabilidade e saúde emocional da família, é, na verdade, mais um passo no abismo de destruição da família. Aborto, num quadro como o que descrevi, terá consequências emocionais e físicas única e exclusivamente sobre a mulher. A mulher é que terá que arcar psiquicamente com o ato grave do aborto e as consequências pela vida toda que isto terá sobre ela. Os homens, ora, esses nem ao menos sabem quais das mulheres que transaram tiveram filhos. Para um homem, sem laço emocional algum com uma mulher, o fato dela estar fazendo aborto é algo completamente ausente da sua realidade. E é incrível que as feministas não digam uma letra sobre isso.

O machismo presente no feminismo é aberrante.

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