Rodrigo Gurgel – Como devemos ler

Descrição

Neste vídeo originalmente publicado em 6 de fevereiro de 2021, o escritor e crítico literário brasileiro Rodrigo Gurgel aborda um dos temas mais essenciais para qualquer pessoa que deseja se aprofundar no conhecimento: como devemos ler, fazendo uma análise interessante a partir do livro A Arte de Ler, de Émile Faguet.

Se você já sentiu que não sabe ler corretamente ou que seu aprendizado poderia ser mais proveitoso, essa reflexão traz lições valiosas para transformar a forma como se relacionar com os textos, pois Gurgel destrincha como devemos ler de forma eficaz, quais erros evitar e como aprimorar nosso relacionamento com os livros.

A importância da leitura lenta e atenta

Gurgel destaca um ponto central do livro de Faguet: ler devagar. Em uma época marcada pela pressa e pelo consumo acelerado de informações, essa ideia pode parecer contraintuitiva, mas é justamente o que diferencia um leitor superficial de um leitor maduro e reflexivo.

A leitura lenta permite que o leitor:

• Questione o que está lendo, evitando aceitar cegamente as ideias do autor.
• Compreenda o verdadeiro sentido do texto, sem distorções causadas por interpretações precipitadas.
• Desenvolva um olhar crítico e independente, evitando os dois extremos mais comuns: achar que o autor está sempre certo ou desacreditar dele por completo.

Gurgel reforça que as primeiras impressões costumam ser superficiais, e que é necessário desconfiar delas para alcançar uma compreensão mais profunda.

Como ler livros de filosofia e pensamento

Quando se trata de obras filosóficas, Gurgel explica que a leitura deve ser feita como um processo de acumulação lenta, em que conceitos são absorvidos gradualmente e comparados entre si, e destaca a importância de:

• Buscar o prazer de pensar, entendendo que filosofia não é um jogo de palavras, mas uma forma de construir raciocínios sólidos.
• Relacionar diferentes pensadores, comparando suas ideias para formar um entendimento mais amplo.
• Novamente, evitar a leitura apressada, pois conceitos profundos exigem tempo para serem assimilados.

A leitura de ficção e sua influência na personalidade

Outro aspecto abordado é a leitura de romances e contos, que, segundo Faguet, ampliam nossa visão de mundo. Gurgel ressalta que os bons livros de ficção nos fazem viver novas experiências sem que precisemos abandonar nossa identidade.

Ao mergulhar nas histórias, o leitor:

• Enriquece sua sensibilidade, aprendendo a perceber nuances nos sentimentos e comportamentos humanos.
• Aprimora sua empatia, ao vivenciar dilemas e desafios sob a perspectiva de personagens variados.
• Desenvolve uma imaginação mais rica, essencial para compreender a complexidade da realidade.

Os principais inimigos da leitura

Faguet apresenta uma lista surpreendente de fatores que prejudicam a leitura — e Gurgel enfatiza que muitos deles não são os que normalmente imaginamos. Segundo o autor, os maiores inimigos da leitura são:

1. O amor próprio – Quando a arrogância impede o leitor de aceitar ideias novas ou diferentes das suas.
2. A impaciência – Quando a necessidade de respostas rápidas compromete a profundidade da compreensão.
3. O espírito de crítica excessiva – Quando o leitor julga um livro com base em preconceitos, sem tentar compreendê-lo de verdade.

Além disso, Gurgel destaca um ponto essencial: não devemos ler a crítica antes de ler a obra criticada. Isso evita que a interpretação do crítico influencie nossa própria experiência com o livro.

A importância da releitura

O livro de Faguet também ensina que reler é essencial para o aprendizado, pois cada releitura permite que o leitor compare sua compreensão anterior com sua nova visão de mundo, tornando a experiência de leitura uma jornada de crescimento contínuo.

Ler bem é mais importante do que ler muito

Rodrigo Gurgel nos ensina que a leitura eficaz não se trata de quantidade, mas de qualidade. Não adianta consumir dezenas de livros sem compreendê-los profundamente.

Ao adotar a leitura lenta, questionadora e atenta, qualquer pessoa pode se tornar um leitor mais maduro, inteligente e crítico.

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