Rodrigo Gurgel - Tremendas Trivialidades, de G. K. Chesterton

Rodrigo Gurgel comenta Tremendas Trivialidades, de G. K. Chesterton, uma obra que, por meio do uso consciente do paradoxo, nos convida a abandonar o pensamento automático, a linguagem ideologicamente poluída e a comunicação carregada de chavões. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste vídeo originalmente publicado em 22 de dezembro de 2018, o crítico literário e escritor brasileiro Rodrigo Gurgel recomenda e comenta o livro Tremendas Trivialidades, de G. K. Chesterton, uma obra na qual o autor britânico, por meio do uso consciente do paradoxo, nos convida a abandonar o pensamento automático, a linguagem ideologicamente poluída e a comunicação carregada de chavões.

O estilo “ensolarado” de Chesterton

Gurgel descreve o estilo de Chesterton como “ensolarado” – um tipo de escrita que exala alegria, encantamento e um olhar infantil diante da realidade. A leitura deste autor seria como ver uma criança saindo para brincar nas poças d’água depois da chuva: um exercício de deslumbramento constante com as pequenas coisas do mundo.

Esse olhar lúdico e irônico de Chesterton contrasta fortemente com o tom sisudo, petrificado e muitas vezes ideologizado de grande parte dos ensaístas e cronistas contemporâneos, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo.

Por onde começar a ler Chesterton?

Rodrigo Gurgel sugere que o melhor ponto de partida para os iniciantes é justamente o livro Tremendas Trivialidades, publicado no Brasil pela editora Ecclesiae em 2012, com tradução de Mateus Leme.

Trata-se de uma coletânea de crônicas e pequenos ensaios publicados por Chesterton ao longo de 12 anos em seu jornal, textos curtos, acessíveis e que apresentam bem o estilo paradoxal e provocador do autor.

O uso do paradoxo como ferramenta de despertar intelectual

Gurgel destaca que o paradoxo é a grande marca estilística de Chesterton, que não pode ser considerada um mero jogo de palavras ou de um exercício vazio de retórica, mas sim algo que cumpre uma função filosófica e cognitiva: provocar um choque no leitor, forçando-o a romper com a linguagem automática e as percepções viciadas da realidade.

Gurgel explica a diferença entre paradoxo e simples antítese: enquanto a antítese aproxima ideias opostas, o paradoxo as funde num choque de sentido que cria uma nova compreensão da realidade – um verdadeiro “curto-circuito” mental que nos obriga a olhar o mundo com novos olhos.

Chesterton acreditava que só por meio desse estranhamento súbito o ser humano poderia recuperar a inocência e a capacidade de se maravilhar diante da realidade.

Exemplos marcantes do livro Tremendas Trivialidades

Rodrigo Gurgel comenta algumas crônicas que ilustram bem esse estilo paradoxal e iluminador:

  • “O Pedaço de Giz”: texto que parte de um objeto banal para chegar a reflexões profundas sobre ética e virtude.
  • “O Taxista Extraordinário”: crônica que, a partir de um diálogo inusitado, discute a possibilidade de manter certezas em um mundo volúvel.
  • “Sobre Ficar na Cama”: ensaio aparentemente sobre preguiça, mas que se torna uma crítica à rigidez social e à inconsistência de valores modernos.
  • “O Diabo Lista”: texto provocador sobre a ausência de limites éticos em quem escolhe não ter moral.
  • “A Avó do Dragão”: uma das crônicas mais celebradas do livro, onde Chesterton defende os contos de fada como um antídoto contra o niilismo e a loucura da literatura moderna.

Neste último, Chesterton demonstra como os contos de fada nos devolvem à realidade com mais sanidade do que muitos romances ditos “realistas”, mostrando que, nos contos, o mundo inteiro pode enlouquecer, mas o herói permanece são – ao contrário da literatura moderna, onde os personagens centrais muitas vezes são os próprios insanos.

Uma defesa da inocência e da capacidade de maravilhamento

Ao longo de todo o vídeo, Gurgel enfatiza que, para Chesterton, o grande problema da sociedade moderna não é a falta de maravilhas no mundo, mas a nossa incapacidade de nos maravilhar com o que já temos. O autor britânico nos lembra que a vida comum, aparentemente trivial, é na verdade um campo fértil de encantamento – desde que saibamos olhar com atenção.

Segundo Chesterton, os contos de fada não nos afastam da realidade; ao contrário, eles nos devolvem à vida real com uma percepção mais nítida, como sintetiza na famosa frase de Ortodoxia: “O País das Fadas é, na verdade, o ensolarado país do bom senso.”

Sinopse do livro

Tremendas Trivialidades reúne 39 crônicas do grande G. K. Chesterton que buscam mostrar ao leitor que não existem coisas desprovidas de interesse, triviais, mas apenas pessoas que não se interessam suficientemente por elas. O livro é um convite ao leitor para ver nas pequenas coisas não a sua beleza, mas sua grandeza.

De fato, “A grandeza das pequenas coisas” bem poderia ser o título do livro. Chesterton estende sua lupa de investigador da alma humana em busca da unidade por trás da multiplicidade de episódios cotidianos, nos mostrando que seu mundo é ainda maior e mais admirável.

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