Olavo de Carvalho - A pobreza cultural brasileira

Olavo de Carvalho comenta com crueza e lucidez a pobreza cultural brasileira, incluindo sua repercussão no exterior, além de expor as fraquezas psicológicas e intelectuais do nosso país, como a infantilização generalizada da sociedade. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste corte de uma entrevista que Olavo de Carvalho (1947-2022), cedeu em 2004 ao programa Tribuna Independente, da Rede Vida, este professor e filósofo comenta com crueza e lucidez a pobreza cultural brasileira, incluindo sua repercussão no exterior, além de expor as fraquezas psicológicas e intelectuais do nosso país.

Com um diagnóstico implacável, Olavo denuncia o declínio da produção intelectual e artística do país, sua ausência de relevância no cenário internacional, e a infantilização generalizada da sociedade por meio da propaganda e da lisonja patriótica.

A supervalorização artificial da cultura nacional

Segundo Olavo, o discurso ufanista (e/ou pachequista) sobre uma suposta grandeza da cultura brasileira – exemplificado pela comoção midiática com filmes como Central do Brasil ou com o “sonho do Oscar” – não passa de propaganda política, argumentando que, se não fosse por interesses ideológicos e lobbies internacionais, tais obras dificilmente teriam relevância fora do Brasil.

Olavo não condena toda a produção cultural nacional, certamente, mas exige proporção: quando se compara o cinema brasileiro a Roberto Rossellini, Vittorio De Sica ou Robert Bresson, por exemplo, o desnível torna-se gritante. A cultura brasileira, entretanto, teria tornado-se provinciana e autorreferente, e é sustentada artificialmente por financiamento estatal.

A mediocridade premiada como política de estado

Olavo denuncia que, em vez de fomentar a excelência, o sistema cultural e educacional brasileiro passou a premiar a mediocridade. Artistas, professores e intelectuais se tornaram uma “nova classe privilegiada”, sustentada com dinheiro público, sem qualquer cobrança de resultados. e qualquer crítica a essa realidade é imediatamente rechaçada como “falta de patriotismo” ou como “complexo de vira-latas” (inclusive por parte de mamadores de Putins ou generais chineses, o que é engraçado).

O filósofo afirma que a cultura da lisonja é destrutiva, dizendo que “o brasileiro agora tem que ser lisonjeado o tempo todo, senão ele fica deprimido”, ironiza, mas, “quando você ama uma pessoa de verdade, você diz a ela a verdade — especialmente se ela está indo por um caminho errado”. Isto é de uma precisão incrível, ao nosso ver.

Ausência de relevância internacional

Com base em dados concretos, Olavo lembra que o Brasil, apesar de seu tamanho e investimentos públicos em educação, não possui nenhuma contribuição significativa nas ciências humanas ou filosóficas reconhecida internacionalmente nos últimos 30 anos. Segundo o exposto, não há sequer um trabalho brasileiro amplamente utilizado como fonte por pesquisadores estrangeiros. “Nem um nome brasileiro aparece no anuário científico da Enciclopédia Britânica”, afirma.

Enquanto países pequenos, como a Zâmbia ou Serra Leoa, conseguem figurar em listas internacionais de destaque acadêmico, o Brasil permanece ausente, o que seria reflexo de um fracasso estrutural, mascarado por propaganda estatal e a complacência geral da população.

A educação brasileira e a farsa do palpiteiro

Olavo também faz uma distinção entre a educação real e o discurso vazio sobre tal assunto, afirmando não ter uma solução mágica para o sistema educacional como um todo, mas garante a qualidade do que oferece a seus próprios alunos: “pergunte aos meus alunos se eles aprendem alguma coisa. Um aluno meu com dois anos de estudo dá de dez a zero em qualquer aluno de pós-graduação no Brasil”, desafia.

E conclui, com sarcasmo: “Aqui no Brasil, pessoas que nunca se educaram a si mesmas dão palpite sobre a educação dos outros.”

Lisonja é culto ao diabo

Para Olavo, o elogio infundado é não só uma mentira, mas uma perversão moral, citando um provérbio árabe que diz que “só é lícito lisonjear uma pessoa se também for lícito matá-la”. A frase serve como um alerta sobre os danos da falsidade sistemática: bajular o brasileiro para que ele se sinta bem consigo mesmo é uma forma de assassinato cultural e moral.

Sinceridade como fundamento da reconstrução

A proposta de Olavo é radicalmente simples: “Não se constrói um país sem sinceridade”. Ou seja, em vez de esconder os problemas por trás de um discurso triunfalista, é preciso encará-los com coragem, dizer a verdade e trabalhar com seriedade. A verdadeira amizade — entre indivíduos e entre cidadãos e sua nação — não se dá pela lisonja, mas pela verdade acompanhada de ajuda real.

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