José Monir Nasser reflete: existem pessoas completamente más?

O professor José Monir Nasser reflete se existem pessoas completamente más, fazendo uma análise sobre a complexidade da natureza humana, destacando a dificuldade de simplificá-la e de como enxergamos o bem e o mal. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste trecho de sua profunda e instigante palestra sobre o livro O Tartufo, de Molière, José Monir Nasser (1957 – 2013), saudoso professor e economista reflete se existem pessoas completamente más, fazendo uma análise sobre a complexidade da natureza humana.

Usando o pano de fundo literário e histórico de Molière, Nasser traça paralelos entre a sátira, a caricatura e o modo como obras literárias e o teatro representam personagens moralmente extremados.

A complexidade do ser humano

Nasser começa destacando a dificuldade de simplificar a natureza humana, afirmando que a maioria das pessoas apresenta uma mescla de características boas e ruins e observando que personagens completamente malignos são raros tanto na literatura quanto na vida real, citando exemplos de figuras que parecem ser personificações do mal, mas enfatizando que, mesmo nesses casos, a complexidade da existência humana não pode ser ignorada.

Sátira e caricatura na literatura

O professor explica como Molière, um mestre da sátira, constrói personagens exagerados para criar impacto cômico e crítico, comparando essa técnica à caricatura visual, onde traços proeminentes são amplificados, criando uma versão simplificada e estereotipada da realidade. No caso de O Tartufo, o autor utiliza esse artifício para explorar hipocrisias e absurdos da sociedade de sua época.

Nasser ressalta que, embora a sátira seja eficaz para transmitir mensagens de maneira rápida e direta, sacrifica a profundidade das personagens, abordagem que contrasta com a tragédia grega, que apresenta figuras multidimensionais, nas quais até os maiores erros são contextualizados por suas circunstâncias e motivações.

A influência da sátira no cinema

Nasser também observa como a simplificação de personagens, característica da sátira, foi amplamente adotada pelo cinema de Hollywood, mencionando que filmes tendem a dividir personagens em “heróis perfeitos” e “vilões absolutos”, o que facilita a identificação imediata do público, mas carece da complexidade presente na vida real ou em obras mais densas, como as tragédias gregas.

A arte como reflexão da vida

Ao longo da palestra, Nasser destaca que a complexidade da vida real raramente é capturada por retratos simplistas, alertando para o perigo de consumir obras que apresentam personagens unilaterais sem considerar seu propósito satírico, um tipo de simplificação que pode, segundo este raciocínio, levar a interpretações superficiais e descontextualizadas da realidade.

Conclusão

Esta reflexão é uma análise de como enxergamos o bem e o mal nas pessoas e nas obras de arte e a importância de buscar compreender a profundidade e a complexidade das motivações humanas, mesmo quando apresentadas de maneira exagerada ou caricatural. Pode ser também uma lição sobre empatia, compreensão e o esforço contínuo para enxergar além das aparências.


P.S.: este vídeo foi clipado e publicado pelo canal Ewerton Kleber originalmente em 20 de outubro de 2018.

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