Olavo de Carvalho – Teoria do Império

Olavo de Carvalho sobre a Teoria Geral do Império, uma proposta radical de repensar a história e a política a partir do reconhecimento da desigualdade de poder como fato estruturante da sociedade humana. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste trecho de uma de suas aulas do Curso Online de Filosofia, o professor Olavo de Carvalho (1947-2022) comenta sobre a chamada Teoria Geral do Império, segundo a qual o império é o conceito fundamental da história do ocidente.

Em sua exposição, este filósofo brasileiro desmistifica alguns dos conceitos sobre poder e esquemas de poder que as pessoas comumente têm, mostrando como a história humana só pode ser compreendida levando-se em conta as gigantescas diferenças de poder entre os indivíduos, algo que se torna ainda mais acentuado conforme a civilização avança.

O império como chave da história

Segundo Olavo, o império é o conceito que organiza a história do Ocidente. Trata-se da compreensão do poder como instrumento fundamental para a ação histórica, não como um acessório ou aberração moral. “História é o exercício do poder”, resume Olavo, enfatizando que a diferença de poder entre seres humanos é o dado básico da realidade social.

Esta diferença de poder é mostrada como algo absolutamente imoral em si, mas é, paradoxalmente, o fator que torna possível a própria existência da história. De um lado, pessoas absolutamente impotentes (como um prisioneiro num campo de concentração); do outro, pessoas com poder quase ilimitado (como um chefe de estado moderno com acesso a dados e forças militares): a desigualdade de poder é constitutiva da sociedade humana e não possui paralelo no mundo animal.

Os meios de ação e a estrutura de poder

Olavo destaca que a verdadeira análise política deve começar pelos meios de ação: “O que ele pode fazer?”. O poder real não se resume à informação, mas à articulação entre informação e meios concretos de ação.

Segundo seu raciocínio, mesmo dentro das democracias, o poder estatal moderno permite um controle quase total sobre o indivíduo: os governos sabem tudo sobre sua vida financeira, pessoal, sexual, profissional etc. Enquanto isso, o indivíduo comum não tem meios de agir com eficiência similar contra tal poder.

A análise política tradicional, ao ignorar essa assimetria real e crescente, se torna inútil, sendo os governos nacionais seriam apenas “cortinas de fumaça” que escondem estruturas de poder mais profundas que os manipulam.

Quem move quem?

Inspirando-se em Santo Tomás de Aquino, Olavo retoma o princípio metafísico do “motor não movido”: aquele que move os outros sem ser movido. Na política, isso corresponde às estruturas invisíveis de poder que influenciam diretamente os rumos dos estados sem aparecer na superfície da cena pública.

Com base nesse princípio, o filósofo argumenta que a verdadeira revolução seria no modo de se fazer ciência política, partindo de uma teoria do poder desigual como a chave para compreender o funcionamento real das sociedades.

Uma nova ciência política

Essas ideias, segundo o próprio Olavo, foram sistematizadas em seu Curso de Ciência Política ministrado na Europa, incluindo desdobramentos como:

  • Teoria da origem da autoridade.
  • O papel do direito como elemento do poder.
  • O conceito de império como organização histórica de poder concentrado.

Sua crítica à ciência política convencional aponta para a ingenuidade de se analisar o poder apenas por suas aparências institucionais, e não por suas dinâmicas reais de influência e controle.

Conclusão

A teoria do império de Olavo de Carvalho seria uma proposta radical de repensar a história e a política a partir do reconhecimento da desigualdade de poder como fato estruturante da sociedade humana. Muito além da disputa por cargos ou ideologias, o que define a história é quem realmente move os acontecimentos sem ser movido.

Olavo propõe que compreendamos essas engrenagens profundas para sair da superficialidade do noticiário e da retórica política. Quem quer entender a história de verdade, precisa começar por entender o poder.


P.S.: este clipe foi publicado originalmente em 30 de novembro de 2019.

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