A Inquisição: mitos e verdades reveladas

Michael Voris, do Church Militant, explica o que realmente foi a Inquisição, mostrando de onde e por que surgiu esse mito de que a Igreja executava aqueles que não aceitassem a conversão. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste episódio do Catholic Investigative Agency, Michael Voris, do apostolado Church Militant, explica o que realmente foi a Inquisição. Ele também ainda mostra de onde, e por que, surgiu esse mito de que a Igreja Católica executava todos aqueles que não aceitassem a conversão etc.

O vídeo é uma boa introdução ao assunto principalmente para quem nunca estudou a Inquisição, certamente, a maioria. Também, apesar do fato de qualquer historiador medievalista sério descartar esta visão, muita gente a subscreve como se fossem especialistas e tivessem dedicado uma vida inteira de estudos. Voris afirma que o que  esta visão distorcida a respeito da Inquisição é justamente para difamar a instituição bimilenar fundada por Jesus Cristo em pessoa.

Contexto histórico

A Inquisição não foi uma única instituição pan-europeia, mas sim uma série de tribunais locais estabelecidos em resposta a problemas concretos que afligiam a Igreja e a sociedade da época. No período medieval, havia um contexto onde leis seculares frequentemente puniam supostos hereges de forma brutal e sem um processo adequado. Para proteger tanto culpados quanto inocentes dessas injustiças, a Igreja instituiu os tribunais inquisitoriais, que visavam trazer um nível inédito de justiça e ordem para a Europa.

Como Voris aponta, tribunais de inquisição já eram comuns entre governantes seculares, e muitos protestantes também tiveram seus próprios tribunais semelhantes. A Inquisição Católica, na verdade, se destacou pela tentativa de proporcionar justiça e proteção. Como exemplo, santos como Santa Teresa d’Ávila e Santo Inácio de Loyola foram julgados pela Inquisição e, depois de um processo justo, foram absolvidos.

Desmontando os mitos da Inquisição

O mito mais persistente em torno da Inquisição é que milhões de pessoas foram forçadas a se converter ao catolicismo ou enfrentariam a morte. A realidade é bem diferente. A Inquisição, em sua essência, não visava converter não-católicos sob a ameaça de tortura ou morte. Pelo contrário, a maioria das pessoas levadas a julgamento foi absolvida, e muitos outros tiveram punições leves, como a realização de boas obras ou peregrinações. A ideia de que o tribunal era uma máquina de execução em massa é amplamente exagerada.

Além disso, a tortura, embora ocasionalmente utilizada, era limitada a casos excepcionais e regulamentada estritamente. Em tribunais como o da Inquisição Espanhola, a tortura só era permitida por, no máximo, 15 minutos e nunca poderia levar à morte ou mutilação.

A Inquisição Espanhola

Quando se fala de Inquisição, o público geralmente se refere à Inquisição Espanhola, que começou em 1478, quando os reis Fernando e Isabel pediram permissão ao Papa para estabelecer um tribunal com o objetivo de lidar com as conversões forçadas de muçulmanos e judeus. Muitos se converteram sob coerção, o que gerou suspeitas sobre a sinceridade dessas conversões. Esta inquisição foi criada para lidar com essa questão, mas rapidamente tornou-se uma ferramenta do estado espanhol para garantir a lealdade política de seus cidadãos. Ou seja, não tinha muito a ver com a Igreja.

Voris explica que, mesmo assim, o número de execuções foi muito menor do que o que é popularmente disseminado. Durante o reinado de Isabel, cerca de 12% das pessoas condenadas foram executadas, enquanto 88% foram absolvidas ou receberam punições leves. Portanto, a narrativa de um tribunal sedento por sangue é completamente infundada.

A origem da lenda negra

Grande parte da má reputação da Inquisição, particularmente da Inquisição Espanhola, vem da lenda negra, uma campanha de propaganda liderada por países protestantes que viam a Espanha como uma ameaça geopolítica. Essas nações, como Inglaterra e Alemanha, exageraram e distorceram os eventos relacionados à Inquisição, ajudadas pela invenção da imprensa, que permitiu que essas histórias se espalhassem rapidamente. Livros fajutos como o Livro dos Mártires de John Foxe foram fundamentais para alimentar essa propaganda.

Comparações com outros tribunais

Vale destacar que, durante o mesmo período, os países protestantes também realizaram suas próprias inquisições. No entanto, tribunais como os da Inglaterra sob Henrique VIII e Elizabeth I eram muito mais brutais, caçando e executando católicos apenas por praticarem sua fé. Ao contrário dos tribunais católicos, que buscavam arrependimento e reintegração entro da Fé católica, os tribunais protestantes muitas vezes resultavam em massacres sistemáticos.

Conclusão

Este episódio do Catholic Investigative Agency revela a verdadeira face da Inquisição, desfazendo séculos de desinformação. Enquanto os tribunais da Inquisição não foram isentos de falhas, eles estavam longe de ser os tribunais sanguinários e injustos retratados em mitos populares. Ao compreender melhor a história e os motivos por trás da Inquisição, podemos reconhecer que muitas críticas à Igreja Católica são, na verdade, distorções propagadas com fins políticos. A verdade é que a Inquisição visava estabelecer justiça em um tempo de grande instabilidade, e sua história deve ser revisada com base nos fatos, e não nas lendas.


Este vídeo foi traduzido pelo canal Tradutor Católico e publicado originalmente no dia 15 de dezembro de 2016.

O Tradutor Católico também indica uma boa literatura a respeito do assunto:

  • AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. Lorena: Cléofas, 2009. 304p.
  • BERNARD, Pe José: “A Inquisição, História de uma Instituição Controvertida”. Vozes em Defesa da Fé – Caderno 33
  • Bernard,Joseph. Inquisição – História, Mito e Verdade. Loyola
  • GONZAGA, João Bernardino Garcia. A Inquisição em seu mundo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. 247p.
  • MOCZAR, Diane. Sete mentiras sobre a Igreja Católica. Castela Editorial, 2012. 215p.
  • NUMBERS, Ronald L.: “Galileu na Prisão e Outros Mitos sobre a Ciência e Religião”. Editora Gradiva. 2012;
  • RODRIGUES, Rafael. Os instrumentos de tortura atribuídos a inquisição.
  • WOODS, Thomas e, Jr. Como a igreja católica construiu a civilização ocidental. Editora quadrante. 224p. 2011.
  • BARBER, Malcolm. The Cathars: Dualist Heretics in Languedoc in the High Middle Ages. New York: Routledge, 2000. 304p.
  • BORROMEO, Agostino (a cura di). L’Inquisizione. Atti del Simposio Internazionale. Città del Vaticano: Biblioteca Apostolica Vaticana, 2003. 786p.
  • DUMONT, Jean. L’Eglise au risque de l’histoire. Criterion, 1981. 413p.
  • HOMZA, Lu Ann. The Spanish Inquisition: An Anthology of Sources. Hackett Publishing Co, 2006. 320p
  • JAVIERRE, José María. Isabel, la Católica, el enigma de una reina. Ediciones Sígueme, 2010. 861p.
  • KAMEN, Henry. The Spanish Inquisition: A Historical Revision. 4. ed. Yale University Press, 2014. 512p.
  • PETERS, Edward. Heresy and Authority in Medieval Europe. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1980. 312p.
  • PETERS, Edward. Inquisition. University of California Press, 1989. 368p.
  • SHANNON, Albert C.. The Medieval Inquisition. Michael Glazier/Liturgical Press, 1991. p. 71.

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