José Monir Nasser - A importância das coisas belas

José Monir Nasser explica a importância das coisas belas, abordando o conceito de Apeirokalia — a falta de amor ao bom, belo e verdadeiro —, e argumentando o senso estético é necessário em qualquer projeto educacional ou civilizatório sério. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste fragmento de alguma de suas palestras, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (Curitiba, 28 de março de 1957 – Curitiba, 16 de março de 2013) explica a importância das coisas belas, abordando o conceito de Apeirokalia — a falta de amor ao bom, belo e verdadeiro —, e argumentando que esse problema afeta diretamente a capacidade das regiões brasileiras de se desenvolverem em seus diversos aspectos.

O Brasil e a doença da Apeirokalia

Monir inicia sua reflexão mencionando o termo “Apeirokalia”, uma antiga palavra grega que designa a abstenção ou indiferença ao belo. Segundo ele, essa “doença” é visível na cultura brasileira, onde a estética — especialmente entre os mais pobres — é frequentemente associada apenas ao que é chique, caro ou luxuoso.

Trata-se de um equívoco cultural que leva muitas pessoas a acreditarem que a beleza só está ao alcance de quem tem muito dinheiro: em vez de se buscar o encanto acessível do que é simples e bem cuidado, constrói-se o feio enquanto se sonha com o dia em que será possível “colocar mármore e granito na casa”.

A beleza como fator de civilização

Essa mentalidade seria um empecilho à formação de uma verdadeira cultura e, consequentemente, ao desenvolvimento da sociedade. Nasser conta que chegou a sonhar com um projeto de ensinar mulheres pobres a fazer coisas belas, a preparar alimentos visualmente bonitos, arranjos com flores colhidas no mato, manter crianças limpas, cultivar hortas bem desenhadas — reintroduzindo o gosto pelo bom e pelo belo no cotidiano, mesmo com poucos recursos.

O professor argumenta que é possível fazer algo encantador com quase nada: uma casa simples pode ser linda se houver cuidado e sensibilidade estética; uma parede sem tinta pode ser coberta com hera; um arranjo com flores do mato pode transformar um ambiente (lembrando de Ikebana); e uma criança com roupas velhas, mas bem lavadas, é infinitamente mais bela do que uma que vive suja e abandonada.

As cidades e a estética compartilhada

Baseado em suas andanças por mais de 300 municípios do Paraná, Monir nota que a maioria das cidades é limpa — mas não bela, sendo raras aquelas em que a beleza surge como um projeto coletivo: onde as casas têm harmonia, onde todos plantam flores, onde a cidade é um jardim compartilhado. Para ele, o convívio com o feio nos embrutece e cria um ciclo de indiferença estética que sabota silenciosamente qualquer possibilidade de progresso verdadeiro.

A estética como pré-requisito para o desenvolvimento

Em sua exposição, Nasser defende que recuperar o senso estético é uma das primeiras missões de qualquer projeto educacional ou civilizatório sério. Não se trata de frescura ou elitismo: a convivência com coisas belas melhora nosso espírito, nos ensina ordem, proporção, atenção aos detalhes — e tudo isso tem efeito direto sobre a vida prática, o trabalho, a educação, o ambiente social.

“Fazer mais bonito é uma condição necessária para o desenvolvimento.”


P.S.: este clipe foi publicado originalmente no canal Dr. Helan Reis de Oliveira em 3 de janeiro de 2019.

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