Descrição
Neste fragmento de sua neste palestra de lançamento do livro O Trivium, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (Curitiba, 28 de março de 1957 – Curitiba, 16 de março de 2013) explica com clareza e contundência que educação não é ensino, revelando o quanto essa confusão tem alimentado um sistema falido, ritualístico e ineficaz e expondo que o “ensino moderno” não passa de um simulacro educacional, que serve apenas para distribuir posições sociais e preencher protocolos burocráticos.
A falsa equação: “ensino = educação”
Monir recorda o pensamento do padre Ivan Illich, autor do clássico Sociedade sem Escolas, que já denunciava o ensino institucionalizado como um sistema que ilude a sociedade ao simular educação. O que ocorre, segundo Illich e Nasser, é a destruição da verdadeira educação por meio da escola, transformada em mecanismo de triagem social, controle burocrático e promoção artificial.
O ensino moderno não visa formar o ser humano, mas apenas classificá-lo e etiquetá-lo para o mercado, criando barreiras de acesso com base em títulos vazios e currículos inflados. É por isso que, como ironiza Monir, até para ser ascensorista em uma empresa, exige-se segundo grau completo — e, talvez logo, curso superior.
A escola moderna: um ritual estatal sem substância
Segundo Monir, o ensino formal é irrecuperável — um ritual de governo que, mesmo na esfera privada, segue os mesmos protocolos do estado, o que significa que a preocupação real não é educar, mas controlar presença, aplicar provas, carimbar diplomas e justificar orçamentos. Professores são raramente avaliados pelo conteúdo que transmitem, e os alunos, muitas vezes, nem desejam aprender.
“Fazemos o sequestro de nossas crianças cinco horas por dia durante oito anos, gastamos um quarto do orçamento com isso, e ao fim… ninguém sabe ler.”
Educação é voluntária — e só acontece onde há liberdade
A chave da verdadeira educação, diz Monir, é a liberdade, pois a educação real não pode ser imposta, visto que ela nasce do encontro entre quem deseja aprender e quem tem algo a ensinar. Por isso, ele se considerava um professor feliz: tinha centenas de alunos voluntários, e esse desejo mútuo era a garantia de que havia ali um processo educacional legítimo.
“A educação tem de ser voluntária. Não pode ser forçada por nenhuma espécie de método.”
O Trivium como símbolo da verdadeira educação
No fim, Monir lembra que a base da educação clássica — as Sete Artes Liberais, com o Trivium e o Quadrivium — já nos mostram que o verdadeiro conhecimento é livre. De fato, a própria palavra “liberal”, nesse contexto, aponta para a liberdade do espírito que busca, deseja e constrói o saber. Claro, o Trivium não é uma fórmula mágica de ensino, mas um caminho para a formação integral, longe do mecanicismo escolar.
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Mais informações
- Postado originalmente em: 27 de janeiro de 2020
- Duração: 08:06
- Visualizações: 63
- Categorias: Curtos
- Marcador(es): Educação, José Monir Nasser
- Publicado por: Direita Realista
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