Descrição
Neste trecho de uma de suas aulas do Curso Online de Filosofia, Olavo de Carvalho (1947-2022) fala, a partir do método de estudo proposto por Hugo de São Vitor (1096-1141), sobre a ordem natural para o aprendizado.
O assunto, que tem a ver com aprender as coisas com ordem através da leitura, é muito mais profundo do que parece, com o filósofo brasileiro abordando tópicos como mecanicismo de Newton, física quântica, o pensamento de Immanuel Kant e mais.
No vídeo, o filósofo Olavo de Carvalho explora a questão do aprendizado e da educação a partir de uma perspectiva que vai além do mero acúmulo de informações. Fundamentado na obra de Hugo de São Vítor, um filósofo e teólogo medieval, Olavo propõe uma reflexão sobre a verdadeira ordem natural que deve guiar o aprendizado humano. Essa discussão é especialmente relevante em tempos de mecanização do ensino e de métodos que muitas vezes ignoram a essência do conhecimento.
O conceito de aprendizado em Hugo de São Vítor
Hugo de São Vítor propôs que o aprendizado segue uma “ordem natural”, muito mais ampla e cósmica do que a organização curricular artificial que encontramos em muitas escolas modernas. Para ele, o aprendizado deve ser visto como um processo ordenado que reflete a estrutura divina do universo. Olavo de Carvalho resgata essa ideia para criticar a maneira como o sistema educacional contemporâneo fragmenta o conhecimento, muitas vezes separando-o de uma compreensão mais ampla da realidade.
De acordo com Olavo, aprender com ordem significa entender a realidade como um todo interconectado, e não como partes isoladas de conhecimento. Isso implica um respeito profundo pela estrutura do mundo e pela sabedoria contida nos textos clássicos, o que vai além do simples ato de leitura superficial.
A crítica ao mecanicismo de Newton e ao ensino moderno
Olavo aponta que, com a ascensão do mecanicismo newtoniano, a visão de mundo passou a ser regida por leis físicas e matemáticas, o que reduziu a realidade a um funcionamento mecânico. Essa visão, segundo ele, desconsidera a ordem superior, ou seja, a ordem cósmica e espiritual, que não pode ser explicada apenas pela ciência. Ele observa que essa abordagem mecanicista penetrou profundamente na educação moderna, resultando em um sistema que separa o indivíduo da totalidade da realidade.
A leitura, para Olavo, não deve ser vista apenas como um meio de absorver informações, mas como uma prática que conecta o ser humano a essa ordem cósmica. Em vez de um processo visual e mecânico, a leitura deve ser vivida como um caminho para integrar-se à estrutura maior do universo.
A influência negativa de Descartes e Kant
A análise de Olavo sobre o aprendizado passa também por uma crítica a pensadores como Descartes e Kant, que colocaram o sujeito como o centro do conhecimento. Descartes, ao separar mente e corpo, inaugurou um caminho de racionalidade subjetiva que, na visão de Olavo, afastou o ser humano da ordem natural. Kant, por sua vez, ao focar nas categorias mentais como organizadoras da realidade, reforçou essa desconexão entre o homem e o mundo.
Para Olavo, esses pensadores contribuíram para a destruição de uma pedagogia mais profunda, onde o aprendizado era visto como uma busca pelo entendimento da ordem cósmica, e não uma simples organização racional do mundo pelas categorias da mente.
A leitura como prática holística
Olavo relembra, em suas aulas, que a educação medieval, baseada nas artes liberais, visava integrar o ser humano à ordem do cosmos. O ato de leitura, nesse contexto, era algo que envolvia o corpo e a mente em um esforço conjunto para compreender a realidade. Na modernidade, contudo, o corpo foi separado da experiência de leitura, tornando-a uma atividade puramente intelectual e muitas vezes superficial.
Ao recuperar essa tradição, Olavo nos convida a rever o papel da leitura em nossa educação e como ela pode nos reconectar com uma compreensão mais completa e profunda da realidade.
A ordem natural do aprendizado
O conceito de ordem natural para o aprendizado vai muito além do simples progresso de conhecimento factual. Para Olavo de Carvalho, aprender as coisas com ordem significa submeter-se a uma estrutura que está presente na própria natureza das coisas. Não se trata de forçar a mente a seguir uma sequência artificial, mas de reconhecer que há uma sabedoria intrínseca nos textos e no mundo, que deve ser respeitada e absorvida.
A experiência pessoal que Olavo compartilha sobre sua necessidade de reaprender a andar após uma longa febre é um exemplo de como essa ordem se manifesta na vida. Segundo o velho, a mente humana não ordena o mundo; pelo contrário, é o mundo que tem uma ordem própria, e cabe ao ser humano aprender a respeitar e se integrar a ela.
Considerações finais
Neste vídeo, refletimos sobre a crítica de Olavo ao sistema educacional moderno e como ele nos desconecta de uma ordem mais ampla e cósmica. A educação, para este filósofo, deve ser um caminho de retorno a essa ordem natural, onde o aprendizado, especialmente pela leitura, não se resume a uma aquisição de informações, mas sim a uma busca por uma compreensão mais profunda da realidade.
Olavo de Carvalho nos lembra que a verdadeira sabedoria reside em aprender com humildade e em sintonia com a ordem do universo, e não em fragmentar o conhecimento em partes desconexas. Essa visão resgata a importância das tradições clássicas de ensino e nos desafia a repensar nossa abordagem educacional nos dias de hoje.
P.S.: este vídeo é mais um trecho interessante que o canal Daniel Mota separou pra nós. Foi publicado originalmente em 12 de outubro 2019.
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Mais informações
- Duração: 19:14
- Visualizações: 131
- Categorias: Curtos
- Canais: Olavo de Carvalho, Daniel Mota
- Marcador(es): Educação, Filosofia, Olavo de Carvalho
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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