Padre Jose Eduardo – Avatar: coisa do dêmo?

Avatar: coisa do dêmo? é um texto que o Padre José Eduardo enviou através do seu canal do Telegram que fala sobre o salto lógico que algumas pessoas estão fazendo para atribuir satanismo ao uso de avatares na Internet.


Avatar: coisa do dêmo? é um texto que o Padre José Eduardo enviou através do seu canal do Telegram que fala sobre o salto lógico que algumas pessoas estão fazendo para atribuir satanismo ao uso dos chamados avatares na Internet.

O sacerdote diferencia o que são os avatares como os usados no Facebook do uso dessa palavra no contexto do hinduísmo, onde tem um significado completamente diferente.

Ele também alerta para que cristãos não embarquem nessas resenhas, pois isso significa reduzir a fé cristã ao nível de superstições advindas da falta de cultura e da ignorância.


AVATAR – COISA DO DÊMO?

A falta de cultura, infelizmente, é campo para o surgimento espontâneo de lendas, muitas das quais se associam a demonologias poulares, temperadas ao sabor dos puritanismos em voga.

Certa vez, quando era criança, lembro-me de uns amigos pentecostais que me contaram, alarmadíssimos, que não se deveria jamais exclamar “rá-tim-bum” ao se cantar “Parabéns a você”, pois aquele era o nome de um demônio, no caso, invocado sobre quem estaria aniversariando. Achei graça naquilo tudo, mas só depois de muito tempo descobri que a expressão teve uma origem pitoresca: por pura gozação, uns alunos da Faculdade São Francisco começaram a caçoar com o nome de um rajá indiano chamado Timbum e a zoação acabou parando no “Parabéns”.

Acredito que algo parecido esteja se dando estes dias com o termo “avatar”, utilizado no aplicativo do Facebook criado para gerar estes desenhos a partir da imagem do próprio usuário.

Desambiguar é aquilo que se faz quando uma palavra pode assumir sentidos diferentes e, portanto, devemos precisar em que sentido a estamos usando.

Ora, a palavra “avatar” vem do sânscrito e significa “descida de Deus”, pois a religião hindu acredita que uma divindade pode assumir eventualmente um corpo humano não ao modo de uma encarnação, mas ao modo de uma representação, ou seja, aquele corpo representaria a tal divindade. A “Nova Era” passou a designar também pelo nome de “avatar” o seu esperado “Maitreya” (em sânscrito, amigo), que seria o implantador da tal “era de aquário”.

Crenças à parte, no mundo virtual, sobretudo nos jogos de imersão, a palavra “avatar” assumiu outro significado (com certa relação com o primeiro): quando uma pessoa joga, ela assume outra identidade representativa no contexto do jogo e, neste sentido, um “avatar”.

Contudo, não existe a relação unívoca entre os dois significados, aliás, como algumas pessoas têm sugerido por aí, chegando a dizer que quem fez uma figurinha de avatar consagrou a sua vida inteiramente a um demônio e, portanto, abriram-se-lhe todos os portais das desgraças por esta e as próximas gerações.

Eu não criarei nenhum avatar para mim simplesmente porque não gosto de modinhas e também sou feio o suficiente para ter apenas uma única versão de mim mesmo. Também não sou ingênuo e sei que o uso de palavras pode ter a finalidade de lacear a percepção das pessoas para que comecem a conviver com significados de religiões alheias e acabem por naturalizá-los.

Contudo, acho que precisamos ter equilíbrio para não cairmos em descrédito diante do mundo. Caso contrário, reduziremos nossa fé ao nível dessas superstições da ignorância e aviltaremos totalmente a sua preciosidade.

Enfim, para mim, este papo me parece mais uma reedição da lenda pentecostal do “rá-tim-bum” em pleno Século XXI.

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