Trindade e Cristocentrismo

Trindade e Cristocentrismo é um texto do Pe. José Eduardo que demonstra que não é possível usar a doutrina trinitária para extrair políticas socialistas e/ou anárquicas, seja na sociedade e muito menos na Igreja.


Toda tentativa de deduzir diretamente da doutrina trinitária conclusões sobre a Igreja, a sociedade e inclusive as relações dos fieis com Deus são, em si mesmas, abusos teológicos, para dizer o mínimo.

De fato, toda graça é “gratia Christi” (graça de Cristo), pois Ele é o “único mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5) e, “da sua plenitude”, isto é, da plenitude de graça de sua Santíssima Humanidade, “todos nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1,16).

O relacionamento dos fieis com Deus passa necessariamente por Cristo, que é o Caminho (Jo 14,6), e é Ele que nos revela o Pai e, portanto, as relações intradivinas.

A Igreja é o Corpo de Cristo e, por isso, tem cabeça e membros, diferenciados em duas classes de fieis, tradicionalmente chamados de Igreja docente (clero) e Igreja discente (laicato). Seria absurdo, por exemplo, concluir que, sendo uma imagem da Trindade, a Igreja é uma sociedade acéfala, anômala, não hierárquica, por mais que se usem belos termos para dizê-lo.

Por razões ainda mais óbvias, é absurdo eduzir uma política socialista ou anárquica simplesmente a partir da doutrina da igualdade das Divinas Pessoas, pois a criação é toda ela marcada por dessemelhanças e mútuas ordenações hierárquicas, desde as absurdas imensidões estelares até as partículas subatômicas, e toda ela existe pelo Verbo que se encarnou: “todas as coisas foram feitas por Ele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1,3).

Sendo a Segunda Pessoa da Trindade encarnada, a Humanidade de Cristo é o único meio pelo qual podemos conhecer e ter comunhão com o Pai e o Espírito Santo. Qualquer teoria que isole cristologicamente a doutrina trinitária pode ser tudo, menos cristianismo.


Trindade e Cristocentrismo é um texto escrito e enviado pelo Padre José Eduardo que demonstra que não é possível usar a doutrina trinitária (Pai, Filho e Espírito Santo, cada um com atributos pessoais distintos, mas sem divisões de natureza, essência ou ser) para extrair políticas socialistas e/ou anárquicas, seja na sociedade e muito menos na Igreja.

O texto foi publicado originalmente no dia 29 de maio de 2021, véspera da Solenidade da Santíssima Trindade deste ano, mas não deu tempo de publicar aqui antes. Todavia, o conteúdo ainda é relevante, visto que sempre aparecem uns picaretas tentando emplacar vigarices intelectuais por aí a qualquer época do ano.

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