Descrição
Neste trecho de sua palestra a respeito do livro O Tartufo, de Moliére, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) fala sobre como agem os manipuladores, relacionando isto a conflitos morais como o sentimento de culpa e outros assuntos.
A exposição explora como esses indivíduos agem, explorando conflitos morais como o sentimento de culpa, e relacionando suas ações à sociedade contemporânea e aos desafios éticos que surgem ao longo da vida.
A manipulação e o sentimento de culpa
Nasser começa discutindo o papel do sentimento de culpa na moralidade humana, afirmando que os manipuladores sabem que todos carregamos conflitos morais e culpa, seja pelos valores implantados desde a infância ou pelas falhas que cometemos ao longo da vida. Esses conflitos criam uma abertura para a ação manipuladora, pois o manipulador sabe que a culpa gera uma vulnerabilidade psicológica.
“A culpa é o resultado de um conflito moral, algo inevitável na existência humana. E os manipuladores exploram essa vulnerabilidade para exercer poder sobre as pessoas.”
Através desse conceito, Nasser sugere que a manipulação se nutre do desconforto moral dos outros, levando-os a sentir que precisam ser perdoados ou redimidos. Ao assumir uma posição de “superioridade moral”, o manipulador reforça essa dependência, como se fosse o único capaz de libertar as pessoas de suas falhas.
Valores emprestados e a ilusão de virtude
Os manipuladores, segundo Nasser, frequentemente apresentam valores que não são realmente seus, apontando como tais indivíduos “se armam” com ideais que se alinham aos padrões aceitos pela sociedade para construir uma imagem de integridade e autoridade. No entanto, esses valores são superficiais; eles servem apenas para dar uma impressão de bondade e desinteresse.
“Para manipular, é essencial aparentar estar acima das disputas egoístas, como se fossem defensores do bem comum.”
Nasser aponta que o manipulador assume uma “máscara de virtude,” dando uma falsa impressão de abnegação somente para ganhar a confiança dos outros, que acreditam estar diante de alguém que age pelo bem coletivo e não em benefício próprio.
O papel da linguagem e da aparência
Outro ponto crucial que Nasser aborda é o uso da linguagem e da aparência pelos manipuladores: não basta que esses sejam virtuosos; precisam parecer virtuosos. Isso envolve falar de maneira cuidadosa, posicionar-se de modo a evitar qualquer suspeita de ganho pessoal, e apresentar-se como uma figura ética e moralmente exemplar.
Ao fornecer um exemplo, o professor compara o manipulador a um “provocador” que jamais revela suas verdadeiras intenções, utilizando uma linguagem sutil e cuidadosa para convencer os outros de sua pureza de intenções.
Essa manipulação da imagem é um dos artifícios mais eficazes do manipulador, que cria uma identidade que parece inofensiva, confiável e moral, embora por trás dessa fachada suas intenções sejam egoístas e manipuladoras.
A superioridade moral e o controle psicológico
Monir Nasser destaca que o manipulador constrói uma imagem de superioridade moral, colocando-se acima do “bem e do mal”, se apresentando como alguém que compreende as dificuldades alheias e que, através de sua própria “pureza”, oferece uma solução moral e ética. Esse controle psicológico faz com que as pessoas aceitem suas palavras como verdades absolutas, acreditando que o manipulador é imune a interesses egoístas.
“Os manipuladores se colocam como uma espécie de ‘regulador moral’ da sociedade, distantes das ambições comuns.”
Esse papel de “regulador” cria uma situação em que o manipulador exerce poder sobre os outros, ditando o que é moralmente aceitável e o que não é, criticando as falhas dos outros, enquanto promove uma imagem incorruptível, o que reforça ainda mais sua influência.
A imagem do manipulador e a falsa neutralidade
Nasser finaliza discutindo o quão essencial é para o manipulador parecer “neutro” e acima de qualquer vantagem pessoal para convencer as pessoas de que suas intenções são puramente altruístas, o que mantém sua posição de poder. Esse comportamento é comparado ao “Tartufo” de Molière, que encarna a figura do manipulador astuto e calculista.
Para Nasser, essa “neutralidade” é apenas mais uma ferramenta que permite ao manipulador se infiltrar nas vidas e nas mentes das pessoas sem levantar suspeitas, aconselhando cautela com esses indivíduos, que exploram o sentimento de culpa e a busca por moralidade para manipular e exercer controle.
Os riscos da manipulação e a necessidade de cautela
A palestra de José Monir Nasser revela as táticas complexas que os manipuladores utilizam para conquistar e manter o controle sobre os outros. Através de valores emprestados, superioridade moral e uma aparência de virtude, esses indivíduos exploram os conflitos morais alheios.
Nasser nos lembra da importância de reconhecer esses sinais e questionar intenções aparentemente altruístas, especialmente quando surgem acompanhadas de uma postura de autoridade moral. A manipulação é um risco constante e, por isso, é fundamental permanecer vigilante diante de quem se apresenta como detentor de valores irrepreensíveis.
P.S.: este clipe foi publicado originalmente ao dia 10 de novembro de 2018 pelo canal Ewerton Kleber.
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Mais informações
- Duração: 09:40
- Visualizações: 3
- Categorias: Curtos
- Canal: Ewerton Kleber
- Marcador(es): José Monir Nasser, Psicologia
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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