Olavo de Carvalho - E bicho pensa? Uma reflexão sobre o juízo e a consciência

Olavo de Carvalho – partindo de uma pergunta como "e bicho pensa?" – faz uma reflexão sobre o conceito de juízo, a consciência e como a linguagem desempenha um papel fundamental na capacidade de distinguir a realidade da percepção. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste corte de alguma de suas aulas do Curso Online de Filosofia originalmente publicado em 11 de setembro de 2024, Olavo de Carvalho (1947-2022) – partindo de uma pergunta como “e bicho pensa?” e analisando as diferenças entre seres humanos e animais – faz uma reflexão sobre o conceito de juízo, a consciência e como a linguagem desempenha um papel fundamental na capacidade de distinguir a realidade da percepção.

A distinção entre humanos e animais

Olavo argumenta que a diferença entre humanos e outros animais é o alicerce de qualquer concepção antropológica. Embora os animais possuam níveis de percepção sensorial e até intencionalidade, como destacado em exemplos de caça, falta-lhes uma habilidade essencial: o juízo, que seria mais do que simplesmente perceber algo; é o ato de comparar uma representação mental com a realidade e concluir se esta é verdadeira ou falsa.

Por exemplo, um ser humano pode observar um coelho e armazenar sua imagem mental e, mais tarde, comparar essa memória com um coelho real para verificar a correspondência entre ambos. Esse processo reflexivo é exclusivo dos humanos e está intrinsecamente ligado à capacidade linguística.

O papel da linguagem no pensamento

Para Olavo, a linguagem é o suporte essencial para o juízo e a crença, argumentando que, embora um animal possa ter hábitos ou respostas instintivas, falta-lhe a habilidade de organizar essas percepções em um sistema articulado, como fazemos com nossas crenças. Isso ocorre porque as crenças dependem de uma cosmovisão, algo que os animais não possuem.

Sem linguagem, de acordo com esta visão, não seria possível fixar pensamentos ou criar uma estrutura de raciocínio, pois ela não apenas registra as percepções, mas também permite que sejam examinadas, refinadas e conectadas a outras ideias, formando uma rede de verdades interligadas.

O exemplo do “círculo de latência”

A certa altura, Olavo introduz o conceito de círculo de latência para explicar como percebemos objetos além de suas formas visuais. Quando vemos uma árvore, sabemos que ela não se moverá sozinha. Da mesma forma, ao observar um coelho, entendemos que ele é móvel e pode fugir. Essa compreensão vai além da percepção imediata, englobando expectativas baseadas na natureza do objeto.

Esse tipo de raciocínio é exclusivo do ser humano, pois envolve uma integração entre percepção, memória e expectativa. Mesmo no ato de simplesmente “apreender” algo, já existe um embrião de verdade ou falsidade, que só se manifesta completamente no juízo. Este é um insight deveras interessante.

O que isso significa para a relação com os animais?

Olavo conclui que, embora os animais demonstrem comportamentos complexos, compará-los a humanos é um erro fundamental. A capacidade de emitir juízos, de refletir sobre a realidade e de construir sistemas de crença coloca o ser humano em um nível único de existência. Este filosofo brasileiro enfatiza que nunca devemos nos comparar a animais, pois isso seria ignorar a singularidade da consciência humana.

Reflexão final

A questão “O que meu cachorro pensa de mim?” é desmistificada por Olavo de Carvalho: não se trata de pensamento como o entendemos. Animais operam com hábitos e instintos, enquanto o ser humano transcende esses limites, utilizando a linguagem e o juízo para construir uma compreensão complexa do mundo e de si mesmo.

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