Descrição
Neste trecho de uma de suas aulas do Curso Online de Filosofia, o professor Olavo de Carvalho (1947-2022) explica a relação entre a loucura do mundo moderno e o pensamento de tipos como Hegel, Marx e Kant, expondo o último como o maior anticristão (não que os outros dois também não sejam).
Em curtas linhas, basicamente, tais filósofos deformam o que Cristo ensinou a seus apóstolos. O que o cristão prega a Pessoa de Nosso Senhor, o que viram e o que aconteceu, não supostas ou pretensas experiências místicas que seus seguidores tiveram. Também se argumenta que a doutrina existe para proteger tais testemunhos.
No decorrer de sua exposição, o filósofo brasileiro faz considerações interessantes sobre gnose, teologia e outros assuntos em meio a este contexto.
Kant e o anticristianismo filosófico
Olavo de Carvalho afirma que Kant é “infinitamente mais anticristão” do que qualquer autor que o precedeu e até mais do que seus sucessores, como Hegel e Marx e critica a imagem consolidada deste sujeito como um filósofo respeitável, aceita na rotina da mídia e no “falatório geral”. “Quando você nega esta imagem, as pessoas se sentem ofendidas”, observa, sugerindo que a reverência acadêmica a Kant é quase dogmática.
Também, como já dissemos, para Olavo, a filosofia de Kant é anticristã porque distorce a essência do cristianismo, que se baseia na experiência histórica e física dos apóstolos com Jesus Cristo, não em abstrações ou experiências místicas.
A prioridade da experiência histórica cristã
Olavo enfatiza que o cristianismo se fundamenta nos fatos reais testemunhados pelos apóstolos. “Vocês viram com seus olhos, já ouviram com seus ouvidos”, cita, referindo-se às palavras de Cristo. Os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos relatam essas experiências concretas, como a vida, morte e ressurreição de Jesus, e não visões místicas ou intuições subjetivas.
O velho argumenta que a doutrina cristã existe para proteger essa “experiência originária” contra deformações, mas “é uma formulação doutrinal destinada a proteger o que aconteceu ali na época, não seja deformada nem trocada por uma falsa experiência”, explica. Essa clareza histórica é o que distingue o cristianismo de pensamentos como o de Kant.
A crítica à filosofia de Kant
Olavo contesta a ideia central de Kant de que existem “condições a priori” do conhecimento, anteriores à experiência, argumentando que essas condições não são anteriores nem posteriores, mas sim estruturas coexistentes com a experiência. “A estrutura da percepção é coexistente com a percepção, não é anterior”, diz, criticando Kant por confundir prioridade lógica com prioridade temporal.
Essa visão, segundo Olavo, é um “absurdo” que afasta a filosofia de Kant da realidade histórica e concreta defendida pelo cristianismo. Ao priorizar abstrações teóricas, Kant substitui a experiência fundadora do cristianismo por construções intelectuais, o que o torna profundamente anticristão.
A doutrina como guardiã da verdade histórica
Olavo reforça que a doutrina cristã não tem autonomia própria, mas serve para preservar a autenticidade dos fatos históricos, expressando-os, formalizando-os e defendendo-os, referindo-se à experiência dos primeiros cristãos. Nisto há uma critica aos católicos que colocam o dogma acima da narrativa originária, confundindo a função de cada um.
A tradição cristã, segundo Olavo, inclui depoimentos orais e escritos coletados pelos evangelistas, todos baseados em testemunhas fidedignas. Negar a realidade histórica desses eventos, como a vida e ressurreição de Cristo, é negar o próprio testemunho dos apóstolos, mesmo que se concorde com a doutrina.
A confusão entre dogma e experiência mística
A tendência de alguns cristãos de priorizarem experiências místicas ou dogmas abstratos em detrimento da experiência histórica equipara o cristianismo a visões subjetivas, como as da gnose, que alegam revelações de entidades espirituais, segundo Olavo, afirmando que “essa é uma falsa experiência, eles não viram nada disso, eles inventaram”.
Essa crítica se conecta à sua visão de Kant, cuja filosofia, segundo Olavo, também substitui a realidade concreta por construções teóricas, afastando-se da verdade histórica que o cristianismo defende.
Por que isso importa?
A análise de Olavo de Carvalho é um convite para refletir sobre como filosofias modernas, como a de Kant, podem distorcer os fundamentos do cristianismo. Ao destacar a importância da experiência histórica dos apóstolos e o papel da doutrina em protegê-la, desafia seus alunos a questionarem visões abstratas que se afastam da realidade.
Seja você um estudante de filosofia, teologia ou alguém interessado em compreender o impacto do pensamento moderno no cristianismo, este clipe fornece uma perspectiva provocadora e esclarecedora.
P.S.: a aula da qual o fragmento foi retirado é a de número 566, ministrada originalmente ao dia 29 de maio de 2021. Já o clipe foi providenciado pelo canal Daniel Mota em 26 de julho de 2021.
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Mais informações
- Postado originalmente em: 11 de setembro de 2021
- Duração: 14:42
- Visualizações: 289
- Categorias: Curtos
- Canais: Olavo de Carvalho, Daniel Mota
- Marcador(es): Cristianismo, Filosofia, Immanuel Kant, Olavo de Carvalho
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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