Olavo de Carvalho afirma que os quadros de Tarsila do Amaral são horríveis

Olavo de Carvalho afirma que os quadros de Tarsila do Amaral são horríveis e critica a tendência telúrica, de louvar as forças da natureza ou colocá-las acima do homem, que impregnou a arte brasileira desde o século passado. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Este vídeo é uma ocasião em que Olavo de Carvalho (1947-2022) afirma que os quadros de Tarsila do Amaral são horríveis e critica a tendência telúrica, de louvar as forças da natureza ou colocá-las acima do homem, que impregnou a arte e a literatura brasileiras desde o século passado, contrastando-a fortemente com a visão clássica, que valoriza a elevação do espírito humano acima de sua condição material.

Para Olavo, essa estética tem raízes profundas no modernismo brasileiro, em especial no movimento de 1922, o qual compara de forma crítica ao movimento regionalista nordestino, mais atento à complexidade da experiência humana diante da natureza.

Neste trecho que parece ter sido tirado pelo canal Eric Cartman de algum de seus True Outspeaks (ou da aula 08 do COF), o filósofo brasileiro também cita Jorge de Lima, Graça Aranha, Anita Malfatti e Ferreira de Castro.

A crítica à estética telúrica de Tarsila do Amaral

Olavo de Carvalho começa expressando seu descontentamento com certos quadros de Tarsila do Amaral, que considera horríveis e representativos de uma visão de mundo em que o ser humano é subjugado pelas forças naturais que impede a elevação espiritual e intelectual do ser humano. Ele questiona como é possível valorizar uma estética que, em sua visão, glorifica a brutalidade e os instintos primários, distanciando o homem de seu potencial transcendente​.

Segundo Olavo, essa perspectiva representa uma quebra com a tradição clássica, que sempre buscou enaltecer a dignidade humana. Para ele, Tarsila e outros artistas modernistas contribuíram para uma cultura que se afasta de ideais mais elevados, substituindo-os por uma celebração do primitivo, do selvagem, em uma espécie de culto às forças “brutas” da natureza.

Telurismo e o império das forças naturais na arte brasileira

O impacto do telurismo na cultura brasileira seria como uma estética que coloca o homem em uma posição de impotência diante da natureza. Olavo cita figuras míticas como a “jibóia” e o “boitatá” e até mesmo elementos naturais como o “boto” e o “peixe-boi”, que simbolizam essa aproximação quase mística com a natureza. Para ele, essa estética é um “inferno desgraçado”, onde o ser humano é reduzido a um mero observador passivo, incapaz de transcender ou transformar o ambiente ao seu redor​.

Em sua análise, Olavo vê essa perspectiva como um retrocesso, onde a humanidade, em vez de elevar-se acima da natureza e dominá-la, se rende a ela. Ele menciona que essa estética encontra ressonância em obras como A Selva, de Ferreira de Castro, onde a floresta amazônica é descrita como uma força avassaladora que domina o homem, submetendo-o a seus caprichos e limitando sua liberdade. Para Olavo, essa visão sombria da natureza contribui para uma mentalidade de estagnação cultural e intelectual, onde a ação humana perde seu valor diante de um universo que não pode ser moldado ou elevado.

O Movimento de 1922 e o regionalismo nordestino

Ao refletir sobre o modernismo brasileiro, Olavo critica o movimento de 1922, que, segundo ele, contribuiu para o fortalecimento dessa estética telúrica e, assim, cometeu um erro ao glorificar a natureza e ignorar o drama humano e a capacidade de superação do homem. O modernismo de Tarsila é contrastado ao movimento regionalista nordestino, que, em sua visão, lidava de maneira mais equilibrada com a condição humana e a luta do homem contra as adversidades da natureza​.

Ele considera que o regionalismo nordestino, exemplificado na obra de escritores como Jorge de Lima e Graça Aranha, consegue capturar o “drama humano” diante da natureza, mostrando o esforço do homem para transcender suas limitações e não se deixar dominar pelo ambiente ao seu redor. Essa diferença é, para Olavo, fundamental: enquanto o modernismo de Tarsila celebra a submissão, o regionalismo oferece uma visão mais elevada da luta humana por significado e transcendência.

A arte como elevação do espírito humano

Carvalho argumenta que o papel da arte não é apenas reproduzir o ambiente ou glorificar forças instintivas, mas elevar o espírito humano acima de sua realidade material, buscar a transcendência, que desafia o homem a superar suas limitações e a alcançar um estado superior de consciência e existência. Na visão deste brasileiro, a arte deve ser um espelho da alma.

Nesse sentido, ele critica a falta de profundidade espiritual na obra de Tarsila do Amaral e outros modernistas, os quais teriam perdido de vista o objetivo mais nobre da arte: a busca pelo bem, pelo belo e pelo verdadeiro. Para Olavo, a insistência em exaltar o telúrico é uma manifestação de uma “hipocrisia brasileira”, que evita enfrentar as realidades mais elevadas do espírito humano e se contenta com o “popular” e o “instintivo”.

Uma nova perspectiva para a arte brasileira?

Olavo de Carvalho conclui sua crítica com um apelo por uma arte que recupere a dimensão espiritual e transcendente do ser humano, sugerindo que a cultura brasileira, para superar suas limitações, deve abandonar essa visão de submissão e buscar inspiração em tradições artísticas que respeitem a dignidade e a capacidade de superação humana. Ao invés de glorificar a natureza como uma força incontornável, o filósofo argumenta que a arte brasileira deve celebrar a capacidade humana de transformar e dar sentido à realidade.


P.S.: este vídeo foi publicado originalmente em 24 de agosto de 2020.

P.S.: a crítica de Olavo é interessante e traz insights ricos, mas ignora que Tarsila do Amaral era uma artista talentosa que, em outras fases para além desta modernista, tem obras belíssimas que exploram outros temas e estilos, que são sofisticadas e inovadoras, mas sem descambar para essas coisas grotescas mais famosas.

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