Descrição
Neste trecho de alguma de suas aulas do seu Curso Online de Filosofia, Olavo de Carvalho (1947-2022) discorre sobre um grande problema da humanidade: a ilusão de que o conhecimento pode ser simplesmente acumulado sem ser compreendido e transmitido de geração em geração.
Nesta reflexão, o filósofo argumenta que o verdadeiro conhecimento não está apenas nos registros, mas na capacidade de decodificá-los e assimilá-los, caso contrário, mesmo com um acúmulo massivo de informações, a sociedade pode perder contato com sua própria cultura, como já ocorreu diversas vezes ao longo da história.
O conhecimento não se acumula automaticamente
Olavo explica que a humanidade tem o hábito de confundir acúmulo de registros com acúmulo de conhecimento. Apenas porque uma civilização deixou milhares de livros, arquivos e documentos, isso não significa que o conhecimento contido neles continuará vivo.
A história está cheia de exemplos de rupturas culturais que levaram à perda de conhecimentos preciosos:
- A queda do Império Romano resultou na destruição de bibliotecas e na perda de séculos de desenvolvimento filosófico e científico.
- A Idade Média preservou muitos registros antigos, mas foi necessário um grande esforço renascentista para recuperá-los e torná-los inteligíveis novamente.
- A cultura brasileira também sofreu rupturas, com o esquecimento de grandes críticos, escritores e pensadores das décadas passadas, tornando sua obra difícil de ser compreendida (ou até encontrada) hoje.
Olavo destaca que não há uma acumulação automática de conhecimento, pois cada geração precisa decodificá-lo, assimilá-lo e transmiti-lo.
O perigo da ruptura cultural
A consequência dessa falha na transmissão do conhecimento é que, em poucas gerações, certos autores e conceitos podem se tornar completamente ininteligíveis.
Para ilustrar, Olavo cita o exemplo do escritor brasileiro Geraldo Vidigal, que, em sua época, foi um dos romancistas mais respeitados. No entanto, com o passar dos anos, sua obra foi esquecida e se tornou de difícil acesso para as novas gerações, que não possuem nem mais o referencial cultural necessário para compreendê-la.
O mesmo aconteceu com a cultura portuguesa no Brasil: quantos hoje conseguem ler Camilo Castelo Branco sem dificuldades? A perda de contato com a tradição torna necessário um esforço imenso para resgatar e restaurar esse conhecimento perdido.
A solução: sinceridade e inflexibilidade consigo mesmo
Olavo aponta que o único método confiável para realmente absorver o conhecimento e transmiti-lo com eficácia não está em técnicas formais, ascetismos filosóficos ou rituais intelectuais, mas na sinceridade absoluta consigo mesmo e com Deus. Sem essa honestidade intelectual, o verdadeiro caminho para o conhecimento, todas as técnicas e métodos não passam de ilusões.
Ele critica a tendência de muitos pensadores que acreditam que o conhecimento pode ser “ensinável” de maneira mecânica, como se bastasse repassar livros e documentos sem que houvesse uma verdadeira vivência e internalização do que foi aprendido.
Preservar e transmitir o conhecimento é uma missão constante
A grande lição deixada por Olavo de Carvalho neste clipe é que o conhecimento real precisa ser vivido e transmitido – não basta que seja apenas registrado.
A cada geração, é necessário um esforço consciente para manter vivas as tradições e ideias que moldaram nossa cultura, caso contrário, mesmo os maiores tesouros intelectuais podem se perder no esquecimento, tornando-se meras curiosidades históricas sem impacto real sobre o presente.
Este trecho foi apressado pelo canal Daniel Mota, onde foi publicado originalmente em 20 de dezembro de 2018.
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- Duração: 09:58
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- Categorias: Curtos
- Canais: Olavo de Carvalho, Daniel Mota
- Marcador(es): Cultura, Filosofia, Olavo de Carvalho
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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