Descrição
Neste trecho que foi retirado do que parece ser alguma de suas aulas, o acadêmico e psicólogo canadense Dr. Jordan B. Peterson explica por que as obras de fantasia Harry Potter e O Senhor dos Anéis fizeram e ainda fazem tanto sucesso na nossa cultura ocidental.
Em meio à sua exposição, Peterson refere ao “grande peixe”, comumente traduzido como baleia, que engoliu o profeta Jonas, como relatado no Livro de Jonas, parte do Antigo Testamento. Segundo o exposto, essas narrativas de aventura e redenção ressoam universalmente porque falam a uma verdade mais profunda sobre nossas lutas e aspirações.
O chamado à aventura: o herói como reflexo de cada um de nós
Peterson começa explicando que, no centro de qualquer narrativa de aventura, há um chamado irresistível à jornada. Nos contos de Tolkien, por exemplo, um hobbit é arrancado de sua vida tranquila por um convite à aventura feito por um ser misterioso e sábio – o mago Gandalf, chamado tal que não é um mero capricho, mas algo essencial e inevitável, refletindo um anseio universal por explorar o desconhecido e confrontar o perigo.
“Os hobbits representam o ‘eu’, a pessoa comum que vive em uma zona de conforto, mas que, ao ser chamada, é lançada em uma aventura onde o bem e o mal se enfrentam.”
Segundo Peterson, a figura do hobbit – pequeno, aparentemente insignificante, mas dotado de um espírito de aventura – representa o espectador e todos que, de alguma forma, sentem um desejo de transcender suas próprias limitações.
O dragão e o tesouro: o confronto com o desconhecido
É também explorado o símbolo do dragão, que surge em O Hobbit e representa o confronto com o desconhecido. Na tradição ocidental, o dragão é uma criatura mítica que guarda algo precioso – seja ouro ou uma figura feminina. Peterson menciona que o dragão de Tolkien é como o grande peixe da história de Jonas, ou mesmo o basilisco de Harry Potter: criaturas que representam nossos maiores medos e que precisam ser confrontadas.
Desta forma, podemos dizer que o dragão simboliza aquilo que tememos, mas que precisamos enfrentar para obter algo valioso. No caso de Bilbo e Frodo, um dragão guarda um tesouro; já em Harry Potter, é uma criatura que guarda uma virgem, refletindo antigas narrativas de resgate e redenção.
Trata-se de uma temática recorrente em diversas culturas e, para Peterson, reflete o desafio de confrontar o mal e transcender os próprios limites, em busca de algo que vale a pena.
A história de Harry Potter: o herói, a virgem e a serpente
Peterson aprofunda a análise ao examinar a simbologia em Harry Potter, onde Harry, o herói, deve salvar Gina – seu primeiro amor – do basilisco, uma serpente mortal escondida em Hogwarts. Gina representa a virgem em perigo, uma figura comum em histórias de aventura, enquanto Harry é uma encarnação do herói arquetípico que, mesmo em desvantagem, enfrenta a serpente para resgatar o bem.
“Harry enfrenta o basilisco e, ao ser ferido, é salvo por uma fênix, que o cura e renasce das próprias cinzas. É uma história de morte e ressurreição, uma alegoria poderosa.”
Essa narrativa, segundo Peterson, é rica em simbolismo cristão, argumentando que a fênix que salva Harry representa o renascimento e a redenção, enquanto o próprio ato de resgate ressoa como uma metáfora da superação e do sacrifício pessoal. Esse ciclo de morte e renascimento, tão fundamental na história de Harry, faz eco a arquétipos espirituais e histórias religiosas de redenção.
O valor do “antigo conto” e o sucesso duradouro de Harry Potter e O Senhor dos Anéis
Peterson sugere que o sucesso dessas histórias reflete a necessidade humana de ouvir esses “contos antigos” que evocam temas como coragem, sacrifício e redenção, observando que as culturas modernas nem sempre oferecem essas histórias diretamente, e que a ausência dessas narrativas cria uma carência espiritual que é preenchida por autores como J.K. Rowling e J.R.R. Tolkien.
“Quando sua cultura não fornece essas histórias, alguém aparece e as recria, e milhões de pessoas respondem porque sentem a profundidade do que está sendo contado.”
O sucesso de Harry Potter e O Senhor dos Anéis, segundo Peterson, deve-se ao fato de que ambas as obras preenchem essa necessidade humana básica por narrativas de significado e transcendência, pois, mesmo sem compreender o simbolismo completamente, os leitores são naturalmente atraídos, pois as histórias falam a uma parte essencial de nossa psique.
O poder atemporal da narrativa e a conexão com o sagrado
Para Peterson, a popularidade de Harry Potter e O Senhor dos Anéis reside em sua habilidade de contar histórias universais, que nos conectam com nossas lutas internas e aspirações mais elevadas, narrativas que não são apenas entretenimento, mas também servem como mapas para a alma, guiando-nos em uma jornada de autodescoberta e transcendência.
Em suma, o canadense tenta nos dizer que as grandes histórias são aquelas que tocam o sagrado e falam a verdades profundas sobre a condição humana, fazendo a conexão entre o mítico e o humano que tornam essas obras de fantasia atemporais e indispensáveis para a cultura.
P.S.: este clipe foi traduzido e legendado em português brasileiro pelo canal Jordan Peterson Legendado. Foi publicado nesta versão PT-BR em 7 de setembro de 2019.
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- Duração: 04:34
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- Categorias: Curtos
- Canais: Jordan Peterson, Jordan Peterson Legendado
- Marcador(es): Cultura, Cultura pop, J. R. R. Tolkien, Jordan Peterson
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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