José Monir Nasser reflete sobre os problemas do orgulho excessivo

José Monir Nasser reflete sobre os problemas do excessivo orgulho, o qual é considerado tanto pelos gregos quanto pelos cristãos como uma das maiores falhas humanas, iluminando os perigos da soberba e os caminhos para superá-la. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste curto trecho de sua magnífica palestra a respeito de Os Irmãos Karamázov, romance de Fiodor Dostoiévski que é uma das conquistas supremas da literatura mundial, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) reflete sobre os problemas do excessivo orgulho, o qual é considerado tanto pelos gregos quanto pelos cristãos como uma das maiores falhas humanas, traçando conexões entre as lições da obra e tradições filosóficas e literárias, iluminando os perigos da soberba e os caminhos para superá-la.

O excesso de orgulho: o maior de todos os males

Monir destaca que, do ponto de vista grego, o orgulho excessivo — ou hybris — é o mais destrutivo dos defeitos humanos, falha central que também é vista como a mãe de todos os pecados no cristianismo, leva o indivíduo a ignorar suas próprias limitações, desprezar os outros e, frequentemente, desafiar as forças divinas ou a ordem natural.

Para ilustrar, ele menciona personagens literários que caíram por causa de seu orgulho:

  • Jacques, de Rei Lear, de Shakespeare, provoca Netuno e desafia tempestades, mas é eventualmente esmagado pelas forças da natureza, um lembrete de que o universo não tolera arrogância desmedida.
  • Édipo, de Sófocles, cuja tragédia é amplificada pelo seu orgulho e sua recusa em reconhecer os sinais e limites impostos pelo destino.
  • Nós também citaríamos Ahab, de Moby Dick, quem, de acordo com o próprio Nasser, é um revoltado metafísico.

O caminho para a humildade

A partir de Os Irmãos Karamazov, Monir explora o exemplo de um personagem orgulhoso e briguento, cuja transformação ocorre quando ele se recusa a matar um homem em um duelo, ato de renúncia que marca o início de sua jornada em direção à humildade, ilustrando como o abandono da soberba pode abrir caminho para a reconciliação e a paz interior.

O tema do orgulho e da humildade é central no discurso do Padre Zósima, um dos pilares morais da obra de Dostoiévski, que alerta que o orgulho isola o homem, destrói relações e o afasta de Deus. A humildade, por outro lado, aproxima o ser humano da verdade e da comunidade, permitindo-lhe encontrar um propósito maior.

A lição intemporal de Dostoiévski

Monir relaciona essas reflexões ao pensamento cristão, no qual o orgulho é visto como a raiz do pecado original, e reforça que tanto na visão cristã quanto na grega, o orgulho excessivo é o que leva à queda. Entretanto, a transformação — por meio da humildade — é possível e essencial.

Em Os Irmãos Karamazov, essa mensagem é personificada no conflito e na redenção dos personagens, mostrando como o orgulho pode ser enfrentado e superado. Para Monir, essa luta interna é uma das maiores lições que a obra oferece: a necessidade de abandonar a ilusão de autossuficiência e abraçar a fragilidade humana.


P.S.: este vídeo foi publicado pelo canal Ewerton Kleber originalmente em 25 de junho de 2018.

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