Olavo de Carvalho fala sobre Herbert Marcuse

Olavo de Carvalho fala sobre Herbert Marcuse, sociólogo e filósofo alemão naturalizado norte-americano que é um dos nomes mais proeminentes da Escola de Frankfurt. Acesse aqui a descrição completa.


Classificação: 0 / 5. Votos: 0

Descrição

Neste vídeo, o professor Olavo de Carvalho (1947-2022) fala sobre Herbert Marcuse, sociólogo e filósofo alemão naturalizado norte-americano que é um dos nomes mais proeminentes da Escola de Frankfurt, uma vertente de teoria social responsável pela teoria crítica e pelo conteúdo da subversão cultural empregada pelo chamado Marxismo Cultural.

Antes de dissertar sobre o cerne do pensamento de Marcuse, o filósofo brasileiro faz uma pequena biografia a seu respeito, um resumo do ambiente cultural e social da época em que ele e os outros teóricos de Frankfurt começaram suas atividades e relaciona as teses com o Marxismo ortodoxo, no que se diferem e no que se convergem.

Herbert Marcuse e a Escola de Frankfurt

Herbert Marcuse, sociólogo e filósofo de origem alemã, foi uma das figuras mais influentes da Escola de Frankfurt, uma vertente de teoria social crítica que ganhou notoriedade ao propor uma análise profunda das estruturas de poder e cultura dentro do capitalismo. Marcuse, juntamente com outros teóricos como Max Horkheimer e Theodor Adorno, foi fundamental na consolidação de uma crítica ao sistema capitalista que ia além da análise econômica, introduzindo elementos da psicanálise e da sociologia para investigar as dinâmicas culturais e psicológicas do capitalismo.

De acordo com Olavo de Carvalho, todos os membros da Escola de Frankfurt, exceto Marcuse, vieram de famílias extremamente abastadas​. Essa origem econômica dos teóricos, somada ao ambiente cultural da Alemanha, influenciou suas visões sobre as transformações sociais necessárias para uma revolução. No entanto, Marcuse se destacava por ter uma visão um pouco mais otimista em relação à possibilidade de mudança social, acreditando que ainda havia esperança para uma revolução. Diferente de seus colegas, que, desiludidos, acreditavam que a única opção era a destruição sistemática de tudo, Marcuse via potencial de transformação em grupos sociais alternativos​.

Diferença entre Marxismo Ortodoxo e Escola de Frankfurt

Um dos pontos centrais do pensamento de Marcuse era a crítica ao proletariado, que, segundo ele, havia se aburguesado e não mais representava uma força revolucionária autêntica​. A desilusão de Marcuse com a classe trabalhadora o levou a buscar novos agentes revolucionários, o que representava uma grande diferença entre o Marxismo Ortodoxo e a teoria crítica desenvolvida pela Escola de Frankfurt.

Para Karl Marx, a revolução seria conduzida pelo proletariado, pois apenas essa classe teria a visão objetiva da história, não estando presa aos interesses da burguesia. Contudo, Marcuse, ao perceber que o proletariado não estava interessado em realizar a revolução, voltou sua atenção para outros grupos marginalizados, como artistas, estudantes, minorias raciais, depravados sexuais e até mesmo criminosos​.

O papel dos artistas e minorias na revolução

Na visão de Marcuse, os artistas, especialmente os literários, eram, de certa forma, revolucionários inconscientes. A arte, segundo ele, sempre apresenta uma crítica ao status quo e, portanto, poderia ser usada como uma ferramenta para a revolução. Além dos artistas, Marcuse acreditava que outros grupos marginalizados, como os estudantes e as minorias, poderiam desempenhar um papel fundamental na transformação social.

Olavo de Carvalho critica essa visão, destacando que muitos desses grupos, especialmente os estudantes, nunca foram responsáveis por mudanças políticas significativas​. Embora tivessem um papel de agitação social, raramente conseguiram promover mudanças estruturais. A ideia de Marcuse de que esses grupos poderiam substituir o proletariado como agentes revolucionários foi vista por Olavo como uma utopia ingênua, especialmente no contexto de que esses grupos careciam de um poder real sobre os meios de produção ou a capacidade de coordenar uma revolução efetiva.

Críticas à utopia de Marcuse

Olavo de Carvalho aponta que Marcuse não oferecia argumentos sólidos em defesa de suas posições, mas sim expectativas de que suas ideias fossem aceitas por sua conexão emocional com os leitores. A “liberdade sexual” e o foco no prazer, que Marcuse via como parte do futuro socialista, são apresentados por Olavo como exemplos de uma visão nebulosa e fantasiosa do que seria o mundo revolucionado. A ausência de uma proposta concreta de como esses ideais poderiam se articular com a organização econômica revela, para Olavo, as falhas na visão de Marcuse.

Ainda assim, Olavo reconhece que Marcuse conseguiu atrair a simpatia de uma massa estudantil desiludida, tornando-se um ícone da revolta jovem dos anos 1960, especialmente durante os movimentos de 1968.

Conclusão

Olavo de Carvalho encerra sua análise destacando que, embora Herbert Marcuse tenha sido uma figura chave na teorização crítica do século XX, sua visão utópica, diabólica e completamente desconexa da realidade não conseguiu se concretizar. A busca por novas classes revolucionárias, o foco em prazeres pessoais e o abandono da luta proletária como motor da história se revelaram insuficientes para promover a transformação social que Marcuse desejava.

Este vídeo oferece uma crítica profunda não só ao pensamento de Marcuse, mas também à Escola de Frankfurt e às tentativas de adaptar o Marxismo à realidade cultural do Ocidente.


Este interessantíssimo trecho parece ter sido tirado de uma das aulas do Seminário de Filosofia, curso online ministrado pelo próprio Olavo de Carvalho. Foi editado e publicado originalmente pelo canal Daniel Mota.

Conteúdo relacionado

Mais informações

Disclaimer: exceto quando explicitado na publicação, não temos nenhuma ligação com o conteúdo divulgado ou seu(s) criador(es). É também interessante notar que, apesar do nome do site, nem todo conteúdo publicado aqui pode ser rotulado como "de direita" ou de algo que o valha. Pode ser simplesmente algo interessante e/ou edificante que mereça ser arquivado ou pra realizar um simples registro histórico. Saiba mais sobre o Direita.TV aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *