Descrição
Neste trecho de sua fascinante e intrigante palestra sobre Moby Dick, de Herman Melville, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) aborda o simbolismo das condições existenciais de Isaque e Ismael na tradição bíblica e a importância disto na compreensão das relações humanas e do sentido de pertencimento.
Este clipe explora como a aceitação ou rejeição do espírito, refletida nas trajetórias opostas de Isaque e Ismael, representa condições existenciais que todos nós enfrentamos, e lança luz sobre o papel dos mitos como instrumentos fundamentais de entendimento do mundo e de nossa própria condição humana.
A história de Ismael e Isaac: a aceitação e a rejeição
Segundo Nasser, Ismael, filho de Abraão com Hagar, representa aquele que, por não ter sido escolhido, vive uma existência errante, marcada pela rejeição. Já Isaque, filho de Abraão com Sara, personifica o “filho escolhido”, aquele que, por ter sido aceito espiritualmente, vive em sintonia com o espírito do pai. Isaque, neste contexto, representa a “terra prometida”, um símbolo da união natural entre o espírito e a existência.
Essa distinção entre os destinos dos dois irmãos é, segundo o professor, um exemplo da condição humana. Enquanto alguns são acolhidos e vivem suas vidas em harmonia com suas crenças e convicções, outros, como Ismael, enfrentam o desafio de vagar e se posicionar, não raro, em oposição ao ambiente ao seu redor. Nasser chama atenção para a complexidade dessa “rejeição existencial”, que pode tornar o indivíduo solitário e afastado da aceitação do espírito, simbolizando uma luta contínua por pertencimento e compreensão.
O significado da “sociedade de consciência”
Nasser também enfatiza que, para que exista uma sociedade capaz de estabelecer pactos significativos, é preciso haver uma “sociedade de consciência”. Nesse sentido, o pacto que Abraão e seu povo firmam com Deus não é meramente um acordo formal ou econômico, mas uma aliança espiritual. De forma análoga, é sugerido que a sociedade moderna se esquece de que a verdadeira unidade social não pode estar enraizada em algo como um mero contrato jurídico, mas deve envolver uma profunda comunhão de valores e propósitos.
Reflexões sobre as distorções de caráter
A análise de Nasser também se aprofunda nas possíveis distorções causadas pela aceitação e rejeição. O filho rejeitado, Ismael, pode desenvolver ressentimento e uma sensação de injustiça, carregando a marca do afastamento paterno. Isaque, por sua vez, corre o risco de cair na soberba, acreditando que a sua posição é imutável e que seu direito à terra prometida é automático. Assim, Monir usa o simbolismo de ambos para ilustrar as diferentes respostas emocionais que a experiência humana suscita, destacando o perigo tanto da arrogância como do ressentimento.
O judeu desgarrado: um ponto de reflexão moderna
Nasser termina mencionando uma figura curiosa, a do “judeu desgarrado” ou aquele que, mesmo sendo judeu, renega seu próprio povo. Este conceito, explorado na literatura e no pensamento judaico, reflete um tipo de alienação espiritual que nega o laço com suas raízes. Acontece que o verdadeiro direito à “terra prometida” só é sustentado pela continuidade do vínculo espiritual com Deus, ressaltando a importância de uma fé sincera e constante.
Conclusões
A partir do mito de Isaque e Ismael, José Monir Nasser conduz a uma reflexão interessante sobre as relações humanas, a natureza dos pactos e a importância de preservar uma conexão espiritual genuína, explorando as complexidades do pertencimento e da identidade, mostrando que histórias antigas oferecem lições duradouras para entender os dilemas existenciais modernos.
P.S.: este vídeo foi publicado pelo canal Ewerton Kleber originalmente em 24 de novembro de 2018.
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Mais informações
- Duração: 09:20
- Visualizações: 2
- Categorias: Curtos
- Canal: Ewerton Kleber
- Marcador(es): Cultura, Filosofia, José Monir Nasser
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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