José Monir Nasser e a função dos mitos na interpretação da realidade

José Monir Nasser explora o significado dos mitos e sua função essencial como instrumentos de interpretação da realidade, pois ajudam a traduzir conceitos abstratos, capturar dilemas complexos e revelar verdades atemporais sobre a existência e o comportamento humano. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste trecho de sua palestra a respeito dos aspectos culturais de O Estrangeiro, de Albert Camus, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) explora o significado dos mitos e sua função essencial como instrumentos de interpretação da realidade, o que inclui a experiência humana e a sociedade.

Em sua exposição, Nasser enfatiza que, diferentemente de narrativas comuns, os mitos têm uma função profunda, pois ajudam a traduzir conceitos abstratos, capturar dilemas complexos e revelar verdades atemporais sobre a existência e o comportamento humano.

No trecho, são abordados mitos clássicos, como o de Cassandra e o leito de Procusto, ilustrando como essas histórias arquetípicas refletem a condição humana e questões sociais fundamentais, como a desigualdade e a solidão diante do conhecimento.

Os mitos como instrumentos de compreensão

De acordo com o que pudemos entender aqui, os mitos não devem ser tratados apenas como histórias ou contos antigos, mas também como “instrumentos de compreensão”, meio por onde sociedades passadas e presentes encontram maneiras de expressar e compreender aspectos universais da vida humana.

Ao abordar o mito de Cassandra, por exemplo, Nasser mostra como o dom da clarividência — a habilidade de prever o futuro — se transforma em uma maldição quando ninguém acredita nas profecias dela, o que ilustra muito bem a solidão profunda de quem tem consciência de uma verdade ou conhecimento não compartilhado, revelando como o saber pode, paradoxalmente, isolar a pessoa do restante da sociedade, especialmente se tratando de uma sociedade com média de QI 83 onde todo mundo é imediatista e acha que qualquer opinião tem valor per se.

O leito de Procusto e o mito da igualdade

Outro mito abordado na palestra é o do leito de Procusto, uma lenda da mitologia grega que retrata Procusto, um ferreiro que obrigava todos a se encaixarem em uma cama de ferro. Se a pessoa era alta demais, o maluco cortava suas pernas; se era muito baixa, esticava seus membros. Nasser usa essa narrativa para refletir sobre a busca obsessiva da igualdade na sociedade, sugerindo que, assim como Procusto tentava forçar todos ao mesmo padrão físico, certos sistemas políticos e sociais tentam impor uma igualdade artificial que não respeita as diferenças naturais e individuais entre as pessoas. Tal qual é o caso de Procusto, parasitas estatais também são psicopatas cruéis e de estrema periculosidade.

O mito e a psicanálise: uma via para autoconhecimento

Além de servirem como reflexos das condições sociais, Nasser destaca que os mitos também desempenham um papel essencial na psicanálise, fornecendo insights sobre o inconsciente humano e as motivações psicológicas. Em sua análise, ele propõe que o mito, tal como concebido por figuras como Freud e Jung, é uma ferramenta para desvendar medos, ansiedades e desejos profundos. As histórias arquetípicas, nesse sentido, não são apenas veículos culturais, mas também um meio para explorar a psique humana e lidar com dilemas existenciais.

O mito como espelho da sociedade e da condição humana

Ao longo da palestra, José Monir Nasser reforça que os mitos são mais do que simples histórias, pois atuam como espelhos da sociedade, revelando dilemas éticos, questões existenciais e até os limites das aspirações de alguns idiotas, como a igualdade. Para Nasser, os mitos proporcionam um entendimento profundo sobre temas que desafiam explicações simplistas, revelando a complexidade e a profundidade da experiência humana. Assim, ao revisitar os mitos, ele propõe uma reflexão sobre o papel do indivíduo na sociedade e sobre como o conhecimento e a consciência individual podem, ao mesmo tempo, elevar e isolar.


P.S.: este vídeo foi publicado pelo canal Ewerton Kleber originalmente em 8 de dezembro de 2018.

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