José Monir Nasser fala sobre a desordem das emoções causada pelo ressentimento

O professor José Monir Nasser fala sobre a desordem das emoções causada pelo ressentimento, conectando essa questão com a filosofia grega e a psicologia humana e explorando seu impacto nas ações e percepções das pessoas. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

O saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) — neste trecho de sua palestra sobre O Vermelho e o Negro, de Stendhal — fala sobre a desordem das emoções causada pelo ressentimento, conectando essa questão com a filosofia grega e a psicologia humana, explorando seu impacto nas ações e percepções das pessoas e argumentando que este tipo de obsessão leva o indivíduo a ignorar oportunidades que a vida oferece, desviando-o de seus potenciais.

Nasser constrói sua análise com base em três componentes da alma humana: a alma vegetativa, a alma positiva (ou animal), e a alma intelectiva (exclusiva dos seres humanos). A alma vegetativa diz respeito às funções automáticas do corpo, como respirar. A alma positiva lida com desejos e emoções mais primárias, semelhantes aos instintos dos animais. Já a alma intelectiva é a única genuinamente humana, englobando aspectos como raciocínio e sabedoria.

Ele destaca que uma vida bem-sucedida requer que a alma positiva, focada em desejos e emoções, esteja sob controle da alma intelectiva, que deve guiar as ações com racionalidade e sabedoria. Segundo Nasser, o ressentimento perturba esse equilíbrio ao prender o indivíduo em uma mentalidade vingativa, prejudicando sua capacidade de enxergar e aproveitar as oportunidades da vida. O professor utiliza a ideia grega de “húbris” (orgulho excessivo) como uma força destrutiva que faz o indivíduo se sentir acima das regras e dos outros, alimentando o ressentimento.

Monir também menciona que a obsessão com o ressentimento impede o indivíduo de perceber que o mundo pode oferecer as chaves para o sucesso, tornando-o incapaz de enxergar essas oportunidades porque está concentrado em suas queixas. No entanto, também sugere que o controle das emoções por meio da razão (a alma intelectiva) pode permitir uma vida mais equilibrada e menos dominada por sentimentos destrutivos como o ressentimento.

Resumindo, Nasser propõe que o ressentimento desordena as emoções ao aprisionar o indivíduo em uma mentalidade de vingança, prejudicando sua capacidade de viver plenamente. Somente através do domínio racional e da sabedoria é possível restaurar a ordem emocional e superar o ressentimento, permitindo que a pessoa encontre seu verdadeiro potencial.

O assunto no contexto de O Vermelho e o Negro

Parece que o professor aproveitou os ricos temas psicológicos, sociais e políticos de O Vermelho e o Negro, de Stendhal, para aprofundar sua análise sobre o ressentimento, o que fornece uma base sólida para essa abordagem. Julien Sorel, o protagonista da obra, é um personagem movido pelo desejo de ascensão social e pelas tensões entre sua ambição e seu ressentimento em relação à sociedade.

Provavelmente, Nasser, ao olhar para a cultura da época e os dilemas morais dos personagens, traçou paralelos com a natureza humana em geral, mostrando como emoções desordenadas, como o ressentimento, podem desviar uma pessoa de seu verdadeiro potencial — algo que também ecoa na filosofia e na psicologia grega, temas mencionados por ele.

Essa ligação entre a literatura e a cultura da época abre espaço para uma análise ainda mais profunda sobre o impacto das emoções nas ações e no destino das pessoas. Esses insights provavelmente são aplicáveis não só à leitura de O Vermelho e o Negro, mas também à forma como lidamos com desafios no cotidiano.


Este corte foi apressado e publicado originalmente em 13 de outubro de 2018 pelo canal Ewerton Kleber.

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