Olavo de Carvalho – Como aprender gramática

Descrição

Neste vídeo, provavelmente um trecho foi retirado de alguma de suas aulas do Curso Online de Filosofia, Olavo de Carvalho (1947-2022) nos oferece uma visão única sobre a importância de aprender gramática e literatura de maneira orgânica, ao invés de recorrer a métodos convencionais de ensino.

Trata-se de uma análise de como a imersão no uso real da linguagem, especialmente por meio da leitura de grandes escritores, pode ser mais eficaz do que estudar regras gramaticais e literárias isoladamente.

A linguagem como instrumento vivo

O filósofo brasileiro argumenta que a experiência humana é única para cada indivíduo, mas as formas de expressão disponíveis em um meio social são padronizadas. Escritores que dominam uma tradição literária têm o poder de flexibilizar e enriquecer a linguagem para captar nuances de experiências reais, aprendizado que não deve começar pelo estudo formal da gramática ou da literatura como objeto, mas pela imitação de grandes autores.

Ele ressalta que a gramática deve ser aprendida imitando escritores, e não apenas estudando regras, e que o obras literárias devem ser vivenciadas como uma criança aprende a falar, utilizando os instrumentos criados pelos autores para expressar suas próprias experiências.

A crítica ao ensino tradicional de literatura e gramática

Olavo faz uma dura crítica ao ensino universitário de letras, onde as obras literárias são transformadas em objetos de estudo frios, um distanciamento que impede que os alunos desenvolvam um domínio efetivo da linguagem. Segundo o velho, estudar gramática ou literatura sem vivência prática resulta em pessoas incapazes de expressar suas experiências reais, mas aptas a emitir opiniões sobre algo que não compreendem verdadeiramente.

O método de aprendizado sugerido

Para aprender gramática e literatura de forma eficaz, Olavo propõe:

1. Ler grandes escritores: escolher autores que dominem a linguagem e ler suas obras por completo, absorvendo o estilo, o vocabulário e as construções linguísticas.
2. Imitar e internalizar: praticar a escrita imitando esses escritores, o que permite modular o tom e criar repertórios de expressão.
3. Adiar o estudo técnico: somente após desenvolver uma familiaridade natural com a linguagem, partir para o estudo técnico da gramática e análise literária.

Ele exemplifica seu método pessoal, afirmando que só começou a estudar gramática formalmente aos 32 anos, mas já escrevia corretamente porque havia assimilado o estilo de centenas de bons escritores.

A transição para a reflexão filosófica

A literatura, para Olavo, é uma etapa fundamental no caminho da filosofia. Ele descreve quatro níveis discursivos na evolução do aprendizado:

1. Poética – Expressar experiências pessoais e humanas de forma direta.
2. Retórica – Desenvolver discursos persuasivos, analisando escolhas pessoais e valores sociais.
3. Dialética – Examinar contradições entre escolhas e discursos, conduzindo a um pensamento mais aprofundado.
4. Filosofia – Buscar a verdade universal por meio da reflexão.

Essa sequência, de acordo com o exposto, reflete a ordem natural da educação humana e mostra como a literatura prepara o indivíduo para pensar filosoficamente.

Conclusão

Olavo de Carvalho propõe um método que resgata a vivência prática da linguagem e a relação íntima com a literatura como pilares para aprender gramática e refletir filosoficamente, uma abordagem que, de acordo com o que pudemos absorver aqui, incentiva a imersão no uso vivo da língua, deixando de lado preocupações precoces com regras técnicas e análises frias.

Trata-se de uma perspectiva que oferece um caminho orgânico e inspirador para aqueles que desejam dominar a linguagem como instrumento de expressão e pensamento.

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P.S.: este clipe foi publicado pelo canal Daniel Mota originalmente em 2 de abril de 2018.

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