O Purgatório nas Escrituras

Com capítulos e versos.


Nesta matéria, reunimos algumas várias passagens com referências ao Purgatório — o estado e o processo de purificação temporária em que as almas daqueles que morrem em estado de graça, mas ainda sem ter alcançado a visão beatífica dos santos –, são preparadas para o Reino dos Céus, nas Sagradas Escrituras.

Embora muitas vezes negligenciada ou mal compreendida, a doutrina do Purgatório revela um aspecto profundo da misericórdia divina. Essa realidade, testemunhada por santos como Catarina de Gênova e fundamentada na razão e nas Escrituras, expressa a gravidade do pecado e a santidade de Deus — e nos convida a rezar pelas almas que lá se encontram, bem como a buscar desde já a purificação interior.

A seguir, temos algumas citações (conforme a Bíblia Ave-Maria) que fazem referência a estado transitório onde as almas sem pecados mortais, mas ainda marcadas por faltas leves ou penas temporais, são purificadas antes de entrar na presença do Deus santo:

Apocalipse 21,27

“Nela, não entrará nada de profano, nem ninguém que pratique abominação e mentira, mas apenas os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.”

Esta passagem revela que nada impuro pode entrar no Céu, o que implica a necessidade de purificação das almas que morrem em estado de graça, mas ainda imperfeitas.


2 Timóteo 1,16-18

“O Senhor conceda misericórdia à família de Onesíforo, porque ele muitas vezes me reanimou e não se envergonhou das minhas cadeias.  O Senhor lhe conceda encontrar misericórdia junto do Senhor naquele Dia.”

Paulo ora por Onesíforo após sua morte, pedindo misericórdia “naquele Dia”, ou seja, no julgamento — o que supõe que as orações pelos mortos são eficazes.


2 Samuel 12,13-14

“Davi respondeu a Natã: ‘Pequei contra o Senhor!’ E Natã disse-lhe: ‘Também o Senhor perdoou o teu pecado: não morrerás. Mas, porque com este feito ultrajaste o Senhor, o filho que te nasceu morrerá.’”

Ainda que Davi tenha sido perdoado, sofreu uma pena temporal por seu pecado. A ideia de punição mesmo após o perdão é uma chave para compreender a purificação no Purgatório.


1 Coríntios 3,15

“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá prejuízo; ele, porém, será salvo, mas como que passando através do fogo.”

São Paulo descreve um tipo de purificação pelo “fogo” que ocorre após a morte, distinto da condenação, sugerindo um estado de purificação: o Purgatório.


Mateus 5,26

“Em verdade te digo: dali não sairás enquanto não pagares o último centavo.”

Jesus usa a imagem de prisão para falar da Justiça divina. A permanência até “pagar o último centavo” simboliza o cumprimento total da pena antes da libertação.


Mateus 5,48

“Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.”

A exigência de perfeição para entrar na presença de Deus reforça a necessidade de uma purificação completa, para quem ainda não atingiu essa perfeição nesta vida.


Hebreus 12,14

“Procurai a paz com todos, e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor.”

A visão de Deus exige santidade plena, o que implica que aqueles que morrem em amizade com Deus, mas ainda não plenamente santificados, precisam ser purificados.


Tiago 3,2

“Todos nós tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não peca no falar, é um homem perfeito, capaz de refrear também todo o corpo.”

Esta declaração realista de Tiago reconhece que mesmo os fiéis tropeçam com frequência. Isso reforça a ideia de que, ao morrer, muitos ainda precisam de purificação para estarem plenamente preparados para a visão de Deus.


Tiago 1,14-15

“Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e seduz. Em seguida, a concupiscência concebe e dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”

Aqui, Tiago mostra o desenvolvimento do pecado até a morte espiritual. Esse processo explica por que o pecado precisa ser combatido e purificado, mesmo após o perdão, quando ainda restam suas consequências.


Mateus 12,32

“Todo aquele que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; mas o que disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no outro.”

A menção a um perdão possível “no outro mundo” sugere a existência de um estado intermediário após a morte, onde certos pecados ainda podem ser purificados.


Mateus 12,36

“Digo-vos: de toda palavra ociosa que os homens disserem, darão conta no dia do juízo.”

Essa afirmação mostra a seriedade com que até mesmo os pecados aparentemente leves são tratados. Isso contribui para a doutrina do Purgatório como lugar de purificação dos menores pecados ainda não expiados.


2 Macabeus 12,44-46

“Pois, se não esperasse que os mortos ressuscitassem, teria sido em vão e supérfluo orar por eles. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada aos que adormeceram na piedade, era esse um pensamento santo e piedoso. Eis por que mandou fazer esse sacrifício expiatório pelos mortos, para que fossem livres de suas faltas.”

Este texto é uma das mais claras referências bíblicas à oração pelos mortos. A prática só faz sentido se as almas dos justos puderem ser beneficiadas por orações e sacrifícios após a morte.


1 Pedro 3,18-20; 4,6

“Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus. Morto na carne, mas vivificado no espírito, foi também pregar aos espíritos encarcerados, que outrora haviam sido rebeldes.”

(…) “Porque por isso foi o Evangelho também anunciado aos mortos, para que, condenados segundo os homens quanto à carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito.”

Essas passagens falam de Cristo pregando aos “espíritos em prisão”, sugerindo que existia um estado temporário dos mortos anterior à entrada definitiva no Céu — compatível com a ideia de purgatório ou limbo dos justos.


1 Coríntios 15,29-30

“Doutra maneira, que farão aqueles que se fazem batizar pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se fazem batizar por eles?”

Embora esta passagem seja de difícil interpretação, demonstra que havia, já nos tempos de Paulo, práticas em favor dos mortos entre os cristãos. Isso aponta para uma compreensão precoce de que os vivos podem interceder pelos que já partiram.


Este artigo foi feito a partir de um tweet de MrCasey no Twitter/X, mas expandido, com as citações e observações completas. A seguir, temos uma aula bem interessante do Padre Paulo Ricardo para complementar o assunto:

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