Descrição
Nesta live realizada ao dia 9 de fevereiro de 2023, Guilherme Freire fala sobre como a vida trágica de Dostoiévski moveu a sua literatura, comentando sobre esses dois assuntos na medida em que os relaciona.
Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (Moscou, 11 de novembro de 1821 – São Petersburgo, 9 de fevereiro de 1881) foi o escritor, filósofo e jornalista do Império Russo considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores “psicólogos” que já existiram.
O sofrimento como matéria-prima da arte
Freire explica que a vida de Dostoiévski foi marcada por momentos de extremo sofrimento que influenciaram diretamente sua obra. Desde a infância, o autor experimentou dificuldades, sendo filho de um médico rigoroso e tendo crescido em um ambiente austero. Contudo, os momentos mais marcantes de sua vida ocorreram na vida adulta, consolidando sua visão singular sobre a condição humana.
Um dos momentos mais dramáticos de sua trajetória foi a condenação à morte, seguida pelo indulto de última hora. Consta que, em 1849, Dostoiévski foi preso por participar de um círculo intelectual considerado subversivo pelo regime czarista. Condenado ao fuzilamento, chegou a ser levado ao pelotão de execução, mas recebeu uma comutação de pena nos instantes finais, mas consta que mesmo assim os capangas do czar fizeram uma brincadeira de péssimo gosto com ele. A experiência do medo iminente da morte marcou profundamente sua visão de mundo e influenciou obras como Os Demônios e O Idiota.
Exílio, pobreza e doença
Após escapar da execução, Dostoiévski foi enviado para um exílio na Sibéria, onde passou anos em um campo de trabalhos forçados, vivência tal que lhe permitiu um contato profundo com os criminosos russos, que posteriormente inspiraram personagens emblemáticos de sua literatura, como Raskólnikov em Crime e Castigo.
Além do sofrimento físico e emocional, o escritor enfrentou crises financeiras constantes, em parte devido ao seu vício em jogos de azar, compulsão que o levou a situações extremas, inclusive a vender os direitos de suas obras para saldar dívidas. Em paralelo, sua saúde era fragilizada pela epilepsia, que agravava seu estado psicológico e aumentava sua inclinação à introspecção e reflexão sobre o destino humano.
A redenção na escrita
Apesar das tragédias, Dostoiévski encontrou na escrita uma forma de sublimação e transformação de suas dores em arte. Suas obras abordam a luta entre o bem e o mal, a redenção através do sofrimento e a busca por sentido em um mundo caótico. Irmãos Karamázov, por exemplo, reflete suas preocupações filosóficas e espirituais, consolidando sua visão cristã sobre o destino humano.
Em sua exposição, Guilherme destaca como a literatura de Dostoiévski não seria a mesma sem suas experiências de sofrimento, argumentando que a dor moldou sua escrita, tornando-a visceral e profundamente humana, capaz de ressoar com leitores de todas as épocas.
Por fim, vale ressaltar que a vida trágica de Dostoiévski não apenas foi determinante para as suas obras, mas também consolidou seu legado como um dos maiores intérpretes da alma humana.
Guilherme Freire é um professor, conferencista e palestrante em filosofia brasileiro que foi Secretário Adjunto da Secretaria Nacional da Juventude do Governo Federal, atuou na Secretaria do Planejamento do Governo do Estado do Paraná e exerce várias outras atividades.
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Mais informações
- Postado originalmente em: 18 de junho de 2023
- Duração: 1:00:30
- Visualizações: 20
- Categorias: Comentários
- Canal: Guilherme Freire
- Marcador(es): Dostoiévski, Guilherme Freire, Literatura
- Publicado por: Equipe Direita Realista
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