José Monir Nasser – A verdadeira face do estado laico e suas contradições

José Monir Nasser fala sobre as contradições e a verdadeira face do estado laico, termo que anda completamente esvaziado de seu sentido original na boca de maconheiro, e quais são as implicações dessa escolha para a sociedade. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Este é um trecho de sua palestra sobre o romance Madame Bovary, a seminal obra-prima do escritor francês Gustave Flaubert, onde o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) fala sobre o tal estado laico, um termo que anda muito na boca de maconheiro, mas completamente esvaziado de seu sentido original.

Nasser aponta que o termo, muito repetido por aqueles que buscam desconectar o governo de qualquer ligação com valores transcendentes, esconde na verdade uma questão muito mais complexa. O professor argumenta que a laicidade absoluta, conforme imposta por movimentos pós-Revolução Francesa, nunca foi de fato alcançada e, mesmo onde foi, acabou substituindo a espiritualidade por valores igualmente dogmáticos, mas agora “humanistas” ou materialistas, algo também debatido por Guilherme Freire aqui.

Monir critica de forma sagaz a ideia de que, ao remover a religião do estado, este se tornaria neutro. Na realidade, o estado acaba inevitavelmente adotando outro “panteão”, substituindo os valores transcendentes por algo mais “mundano”. Assim, as pessoas que promovem o laicismo muitas vezes ignoram que essa substituição não elimina o caráter “religioso” das ações humanas – apenas muda o ídolo a ser adorado. A nova religião do estado, segundo o professor, é frequentemente o materialismo ou o “humanismo secular”, que tenta preencher o vazio deixado pela ausência de Deus.

Ao fazer essa análise, Monir Nasser expõe as contradições presentes na tentativa de criar um estado neutro quanto a crenças religiosas, mostrando que, ao tentar eliminar a influência espiritual das decisões políticas e sociais, o estado simplesmente assume outro tipo de dogma, com a diferença de que este é muitas vezes imposto sem discussão ou reflexão crítica. Segundo o professor, essa é a verdadeira “ironia” do conceito de estado laico: a ideia de que se pode viver sem valores transcendentais é, no fundo, insustentável.

Além disso, Nasser aponta como o conceito de laicidade é, de certa forma, uma imposição cultural de uma revolução que, apesar de suas intenções universais, falhou em compreender a complexidade dos valores humanos. A tentativa de substituir a religião por uma “ideologia laica” só criou novos dogmas e tensões sociais, sem resolver os conflitos fundamentais.

Com uma análise densa e provocadora, José Monir Nasser nos convida a refletir sobre o que realmente significa viver em um estado laico e quais são as implicações dessa escolha para a sociedade. Ele argumenta que, no fim das contas, a verdadeira neutralidade é um mito – todo sistema político ou social acaba sendo moldado por algum tipo de crença ou valor transcendental.


P.S.: este vídeo foi clipado e publicado originalmente pelo canal Ewerton Kleber em 11 de agosto de 2018.

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