Olavo de Carvalho – Stalin: um burocrata que dominou um país

Olavo de Carvalho fala sobre como Stalin, nada mais que um burocrata, dominou um país, ressaltando a dimensão que o aparelhamento da máquina pública tem em contextos políticos e hegemonia cultural e intelectual como ferramenta de poder. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste trecho do que deve ser alguma de suas aulas do seu Curso Online de Filosofia, Olavo de Carvalho (1947-2022) fala sobre como Josef Stalin, nada mais que um burocrata durante a Revolução Russa, dominou um país, argumentando que quem normalizou o novo regime foi Leon Trotsky e ressaltando a dimensão que o aparelhamento da máquina pública tem em contextos políticos.

Tata-se de uma análise entre as dinâmicas de poder entre Stalin e Trotsky que aponta como a manipulação de estruturas burocráticas pode assegurar o controle de uma nação, uma reflexão que se estende para contextos políticos atuais e o impacto do aparelhamento estatal.

Stalin: o burocrata ascendente

Olavo começa observando que Stalin, ao contrário de Leon Trotsky, não desempenhou um papel de destaque durante a Revolução Russa. Stalin não era um orador carismático, um estrategista militar ou um líder revolucionário nas linhas de frente. Sua ascensão ao poder não se deu pela popularidade, mas pelo controle meticuloso do Partido Comunista através de um cargo essencialmente burocrático, de onde ele nomeava e demitia os agentes do partido em toda a União Soviética​.

Segundo o exposto no trecho, foi essa habilidade de manipular as estruturas organizacionais que permitiu a Stalin consolidar seu poder, pois foi com um simples ato de nomeação ou exoneração, foi criada uma rede de aliados leais que garantiram seu domínio. Esse poder “da caneta” acabou se mostrando uma ferramenta muito mais eficaz do que a liderança militar de Trotsky, que percebeu tarde demais a magnitude da influência de Stalin.

Trotsky e a legitimação do novo regime

O filósofo brasileiro também destaca o papel essencial de Trotsky no fortalecimento da Revolução: quem consolidou o novo regime, organizou as tropas, tomou o poder e, posteriormente, convidou Lenin a retornar. Porém, enquanto Trotsky estava focado na revolução e nas batalhas, Stalin trabalhava silenciosamente nos bastidores, solidificando sua base burocrática.

Para Olavo, a incapacidade de Trotsky em enxergar o potencial destrutivo do poder burocrático foi fatal, e seu exílio foi consequência direta desse desleixo. Stalin, o “burocrata”, mostrou que o controle administrativo da máquina estatal pode ser tão poderoso quanto qualquer força armada.

A força do aparelhamento burocrático: reflexões para o Brasil

Partindo desse exemplo histórico, Olavo traça um paralelo com o Brasil, argumentando que algo semelhante ocorre nas instituições nacionais e apontando que, assim como Stalin controlou a União Soviética através do controle administrativo, em nosso país, forças políticas conseguiram assumir o poder político e intelectual ao aparelhar a máquina estatal. Esse domínio, segundo o velho, foi construído nomeando aliados, manipulando narrativas midiáticas e assumindo postos estratégicos, tornando difícil para qualquer projeto político desfazer essa rede de influência.

Olavo afirma que, sem remover essas pessoas dos seus cargos estratégicos, qualquer esforço político será “boicotado de dentro” pela burocracia. Ele cita exemplos como a resistência enfrentada por Donald Trump nos EUA e a dificuldade dos projetos políticos no Brasil em avançarem sem enfrentarem entraves internos.

A hegemonia cultural e intelectual como ferramenta de poder

Além do controle burocrático, Olavo discute a importância da hegemonia cultural e intelectual, consolidada no Brasil principalmente através do meio editorial e midiático. O controle cultural e o domínio sobre a produção de conhecimento garantem a perpetuação das ideias e valores de um grupo específico, mesmo que essa hegemonia seja mantida por figuras sem qualificações intelectuais significativas​.

Nesta análise, há uma crítica ao sistema universitário brasileiro, afirmando que este é ocupado por indivíduos sem preparo suficiente, responsáveis por formar gerações inteiras de pensadores e influenciadores de opinião. Esse “governo dos incapazes”, como Olavo coloca, estrangula o país e impede o surgimento de intelectuais realmente comprometidos com a busca da verdade e com a capacidade de entendimento profundo.

Desafios e Alternativas: a formação de uma nova geração de intelectuais

Para Olavo, a única solução para a crise estrutural e cultural do Brasil é a formação de uma nova geração de intelectuais e profissionais qualificados, capazes de ocupar os espaços deixados pelo sistema atual. Há a necessidade de professores, jornalistas e acadêmicos comprometidos com o saber verdadeiro e não com ideologias passageiras, e destaca que, sem um preparo adequado, qualquer tentativa de revolução cultural será limitada e fadada ao fracasso​.

Ele também critica as tentativas de criar “planos políticos grandiosos”, argumentando que sem uma base intelectual sólida e preparada, as mudanças serão efêmeras. A solução seria então um trabalho gradual de ocupação cultural, onde uma geração bem-formada de pensadores e profissionais substitua a atual e seja capaz de atuar com liberdade e competência.

O aparelhamento como obstáculo ao progresso

Olavo de Carvalho conclui com um alerta: o domínio burocrático não apenas impede a execução de projetos políticos, mas bloqueia o desenvolvimento de soluções para os problemas reais do país e, enquanto houver uma hegemonia ideológica e cultural, a “ocupação de espaços” na máquina pública e nas universidades será essencial para que o Brasil prospere. Sem isso, qualquer projeto de mudança será incapaz de combater a resistência daqueles que controlam o aparato burocrático, exatamente como Stalin fez na União Soviética.


P.S.: este corte da aula ministrada pelo filósofo brasileiro foi feito pelo canal Daniel Mota e publicado originalmente em 9 de fevereiro de 2020.

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